Sevilha - take 2: «The Chaampioooons»

Menos de uma semana depois, o FC Porto voltou ao local do crime, desta vez na condição de visitante.

Desafio: fazer o que nunca havia sido feito; virar uma desvantagem de dois golos na Liga dos Campeões.

Era preciso ser épico, mas o FC Porto apenas foi apenas histórico, ao vencer pela primeira vez fora uma equipa inglesa nas competições europeias.

No fim, foi o Chelsea a passar às meias-finais da Liga dos Campeões, mas teve de sofrer até ao último segundo graças a um golaço de Taremi já nos descontos.

Cumprido o castigo, Sérgio Conceição fez regressar ao onze Sérgio Oliveira, mas manteve Grujic, depois da boa exibição da primeira mão. O sacrificado foi Luis Díaz, tendo o FC Porto apresentado um 4-3-3, com Corona e Otávio mais perto de Marega, ao meio. Por sua vez, Tuchel manteve o 3-4-3, mudou três e fez entrar Thiago Silva, Kanté e Pulisic por Christensen, Kovacic e Werner.

Na verdade, com o ex-técnico azul e branco Julen Lopetegui na bancada a ver o jogo, o FC Porto não foi com muita sede ao pote, fazendo jus às palavras de Conceição na antevisão.

Tal como há uma semana, Mount foi o primeiro a deixar os dragões em sentido: desta vez falhou, por centímetros, logo aos 7m, numa bola intercetada por Mbemba.

O FC Porto apresentava a defender fragilidades pelos flancos, porém, a pouca fiabilidade de Manafá e Zaidu contrastava com a irrepreensível solidez da dupla Mbemba e Pepe no eixo defensivo. Difícil era também ao meio-campo defensivo portista travar as arrancadas do regressado Kanté, um trabalhador incansável.

O jogo ofensivo portista carrilava sobretudo pela direita, beneficiando da inspiração de Corona, que aos 11m e aos 33m cheirou o golo. Faltava, ainda assim, alguma presença no último terço, onde os campeões nacionais chegavam em esforço.

Ao intervalo, a ligeira vantagem portista na posse de bola (53%-47%) até aos remates (4-3) e cantos (3-2) não chegava para relançar a eliminatória.

Era preciso mais para os segundos 45 minutos. Eram necessários dois golos para empatar a eliminatória. 

A meia-hora do fim, Conceição decidiu arriscar: desfez o meio-campo a três ao tirar Grujic e lançar Taremi para junto de Marega no ataque.

Contudo, a vontade azul e branca esbarrava no muro dos «blues», que curiosamente nos dois jogos acabaram por não ter nenhum jogador amarelado. Taticamente organizada, a equipa de Tuchel não desmontava a estratégia que deixava o FC Porto com iniciativa de jogo, mas quase sempre longe da área. 

Assim sendo, Conceição arriscou um pouco mais. Só o podia fazer. Lançou Díaz, Evanilson e Nanu por Corona, Marega e Manafá. E nos minutos finais trocou ainda Sérgio Oliveira por Fábio Vieira.

O prémio chegaria demasiado tarde. Depois de Pulisic falhar a terceira oportunidade na segunda parte, com Marchesín a salvar o golo nos descontos, um golo para a história.

Taremi (qual crise de confiança?) voou no céu de Sevilha e resgatou a vitória no jogo numa acrobacia que entra nos melhores momentos desta edição Champions. O FC Porto foi de bicicleta e chegou já atrasado à discussão da eliminatória.

Voltou a sensação de crueldade da primeira mão.

O FC Porto pagou uma fatura demasiado cara da falta de sorte em momentos decisivos e por falhar num ou noutro pormenor a definir ao longo de 180 minutos, em que se bateu de igual para igual com uma equipa que no defeso investiu 250 milhões em reforços.

Esta noite, no Sánchez-Pizjuán, o dragão morreu de pé. Aliás o campeão nacional, que faz viver o futebol português na alta roda Europeia, morreu na praia. Com uma certidão de óbito passada há seis dias.

[foto de capa do artigo: FC Porto]