Tombou. Com tanto estrondo que as repercussões da queda podem muito bem chegar a ouvir-se em outubro. O Benfica caiu na Liga dos Campeões frente ao PAOK, hipotecou milhões, o sonho do treinador, e deixou, certamente, a SAD a fazer contas à vida.

Um falhanço completo em Salónica de uma equipa que se reforçou com muitos milhões, teve pela voz do treinador a ambição de fazer mais e melhor na Europa, mas que, à primeira, desceu à terra do modo mais cruel possível: com um golo Zivkovic que se mudou da Luz para o Toumba há dias.

O primeiro tempo esteve o mais distante possível deste resultado final. O Benfica controlou o PAOK de tal modo que apenas um cabeceamento fraco de Michailidis deu trabalho a Vlachodimos.

O trabalho defensivo do Benfica era ótimo, portanto. Mas faltava a outra parte. Era difícil descobrir espaços na área grega, apesar de Weigl e Taarabt conseguirem encontrar algumas vezes Pedrinho, Pizzi e Everton entre linhas. Assim, parecia que Seferovic jogava num mundo à parte: o dele, onde cada receção de costas é uma dificuldade, cada combinação com colegas é esforçada.

Ainda assim, o nulo do intervalo castigava a pontaria de longe dos encarnados: Pizzi atirou ao poste, Taarabt e Pedrinho obrigaram Zivko Zivkovic a duas defesas apertadas.

O segundo tempo foi em tudo diferente. O PAOK soltou-se e Giannoulis e Tzolis começaram a acelerar pelo lado esquerdo. Muito menos confortável no jogo e com Taarabt a cair de produção e ritmo, o Benfica ainda assustou o PAOK antes do 1-0. Everton atirou para nova grande defesa de Zivkovic.

O golo dos gregos surgiu aos 63 minutos. Se a defesa encarnada tinha brechas a explorar, Akpom fez uma diagonal curta, entrou na área, recebeu e cruzou para o pé direito de Vertonghen colocar a bola na baliza do Benfica.

Havia tempo, porém. O que não havia era a frescura do primeiro tempo. Jesus juntou Darwin a Seferovic e pouco depois tirava Seferovic pelo melhor marcador do campeonato passado: Vinícius foi a jogo aos 72 minutos.

Entre as trocas encarnadas surgiu uma do outro lado. Jogador do Benfica até há semanas, Andrija Zivkovic pisou o relvado para defrontar a antiga equipa. Uma troca fatal. Se um Zivkovic impediu o golo encarnado, outro ditou a sentença. Andrija até pediu desculpa pelo óbvio que acabara de fazer. Recebeu na direita, puxou para dentro e rematou. Uma jogada que toda a gente sabia que ia fazer. A questão foi anterior. Giannoulis passeou pelo meio-campo encarnado praticamente sem oposição, numa demonstração clara, no início do lance, que as pilhas de Taarabt tinham acabado.

O Benfica recuperou a diferença mínima num golo de Rafa, de cabeça, mas ficou sem tempo para chegar ao empate. Ao fim de dez anos, os encarnados voltam a estar ausentes da fase de grupos da Champions. O impacto nas contas da SAD é brutal, mas maior é o impacto desportivo. O Benfica voltou a falhar na Europa, jogadores que precisam de montra ficam sem ela e o 'momento' que Jesus trazia com ele do Brasil, de conquistador da Libertadores, dissipou-se à primeira. Pode não ser uma tragédia grega, mas tem todos os elementos de uma.