Figura: Militão

O que jogou este menino de 21 anos, caro leitor! Depois da exibição de gala em Anfield, o internacional brasileiro voltou a mostrar que está um degrau acima dos restantes. Mesmo a jogar como lateral-direito, refira-se. Desdobrou-se mais do que é habitual no processo ofensivo, obrigou Robertson a recorrer à falta uma mão cheia de vezes e raramente foi ultrapassado por Mané ou Origi. Revelou-se criterioso a sair a jogar curto e teve um acerto de passe longo capaz de fazer inveja a muitos médios. Marcou o golo de honra do FC Porto na eliminatória (68’). De resto, não merecia ter sido outro a marcá-lo.

Momento: a diferença entre ter Marega e ter Mané, minuto 26

A diferença de qualidade entre FC Porto e Liverpool é grande. Nem merece ser questionada. No entanto, os portistas tiveram o mérito de a disfarçar. Fizeram vinte e seis minutos de grande nível até Mané marcar 0-1. Durante esse período, em que alguns dos adeptos sonharam com as meias-finais, Marega desperdiçou três oportunidades para marcar, à semelhança do que aconteceu em Liverpool. Pelo contrário, Mané precisou apenas de uma. Otávio precipitou-se, tentou o corte de cabeça quando estava só e passou a bola para Milner. O fim da história já é conhecido: Mané bateu Casillas após passe de Salah (26’).

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Outros destaques

Mané: mais que Salah (também marcou) é seguro escrever que o senegalês mostrou ser a maior ameaça para o FC Porto. O extremo marcou o golo que praticamente fechou a eliminatória (26’) e que deixou o Dragão amorfo. Aliás, este foi o quarto golo de Mané em igual número de jogos contra os azuis e brancos na Liga dos Campeões, igualando Solari. Podia ter feito o quinto, mas errou o alvo depois de fintar Casillas.

Corona: nem pareceu que esteve em dúvida para o encontro. O mexicano está a viver a melhor fase de dragão ao peito: dribla (Matip que o diga), cruza, recupera, remata, constrói. Está a tornar-se um jogador completo. Tecatito foi sinónimo de rasgo esta noite. Ameaçou o golo logo a abrir (1’), serviu de bandeja Marega (15’) e foi o primeiro a tentar anular a desvantagem no Dragão (40’). Enfim, Corona foi, a par de Militão, um dos rostos da melhor fase dos campeões nacionais.

Marega: as dificuldades em jogos mais exigentes pareciam estar ultrapassadas depois de seis golos na prova. Engana-se. O maliano foi quem mais desperdiçou do lado azul e branco tanto em Anfield como no Dragão. Ninguém lhe pode apontar falta de atitude: esforça-se, luta por cada bola como se fosse a última, discute todos os lances. Contudo, falta-lhe o que diferencia a elite dos bons jogadores: marcar na primeira oportunidade. O Liverpool foi, por isso, um choque e pêras com a realidade.

Fabinho: até enerva vê-lo tamanha a tranquilidade que tem em cada ação. Dono de um sentido posicional impressionante, o ex-Rio Ave mostrou-se fortíssimo nos duelos aéreos e foi decisivo na forma como estancou as incursões pelo corredor central do adversário. Fez várias faltas, praticamente todas «úteis». Teve em Wijnaldum e Milner dois parceiros à altura.