O FC Porto arriscou voltar ao lugar onde foi feliz e não se deu mal. Os dragões arrancaram um ponto do fundo da gruta que eles próprios criaram frente a um conjunto do Schalke 04 esforçado, embora pouco brilhante.

No mítico palco onde se sagraram campeões europeus há 14 anos, os portistas tiveram tudo para serem novamente felizes. Ainda no primeiro quarto de hora, porventura, o melhor período na partida, a equipa de Sérgio Conceição teve desperdiçou uma excelente oportunidade para se colocar em vantagem.

Um lançamento lateral feito para a área por Alex Telles foi cortado por Naldo com o braço. O erro do brasileiro atirou o próprio Telles para a marca dos onze metros. O pontapé não saiu muito puxado e acabou travado pela luva esquerda de Fahrmann. Estavam decorridos pouco mais de uma dezena de minutos.

Após esse lance, o Schalke 04 equilibrou a partida. Aumentou exponencialmente os níveis de agressividade, fez uma pressão quase asfixiante ao portador da bola e estancou a superioridade adversária. Mais, começou a ganhar os duelos e a chamada «segunda bola». Enfim, conduziu o jogo para onde se sente confortável.

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Pese embora o conforto, o conjunto de Tedesco mostrou sempre muitas dificuldades em criar perigo. Um cabeceamento de Naldo, após livre de Caligiuri (17'), um remate desenquadrado de Bentaleb na sequência de uma insistência de Schopf (27') e um belo trabalho individual de Serdar que Casillas - atingiu marca histórica - resolveu com facilidade (28') foram os únicos lances dignos de registo junto da baliza contrária. 
 

Durante este período, o FC Porto mostrou-se incapaz de sair tanto em ataque organizado como em contra-golpe. Tanto Herrera como Otávio decidiam de forma lenta e quase sempre optavam pelo passe recuado, não fazendo, por exemplo, uso da velocidade de Marega, esta noite na direita.

O intervalo foi uma lufada de ar fresco, sobretudo para quem assistia ao jogo.

Tal como na fase inicial, os campeões nacionais foram os primeiros a cheirar o golo. O livre trabalhado por Telles e Otávio, encontrou o peito de Felipe na pequena área. O desvio parecia encaminhar-se para o fundo da baliza, mas Fahrmann - reflexos tremendos - esticou o pé e impediu o 0-1.

O Schalke 04 reequilibrou a partida, uma vez mais, dentro do seu estilo tão próprio. Os mineiros liderados por Tedesco são ávidos pelo trabalho, competentes, mas, como se disse, pouco brilhantes. O golo que desbloqueia o marcador é exemplo disso mesmo, aliado a uma sucessão de erros do adversário.

Canto a favor do FC Porto, Alex Telles cruzou e Sané aliviou. Herrera tentou o remate, mas não acertou na bola. Insiste e perde para Bentaleb. O argelino esticou, Danilo perdeu a dividida para Serdar. O alemão lançou McKennie e, com os azuis e brancos, desorganizados, o norte-americano tocou para Embolo que não perdoou na cara de Casillas (63').

Por outras palavras, o FC Porto abriu uma gruta e o Schalke 04 pouco ou nada se importou com isso. Por aquela altura, era necessário, então, escavar para sair enquanto era possível ver luz.

Cerca de dez minutos depois, os dragões resgataram um ponto bem do fundo da mina. Marega não desistiu de uma bola perdida e ganhou uma grande penalidade. O franco-maliano agarrou de imediato a bola, porém, foi Otávio quem assumiu a responsabilidade. Penálti clássico: bola para um lado, guarda-redes para o outro.

Já perto do final, na sequência de novo lance de bola parada, Farhmann agigantou-se e impediu que Otávio consumasse a reviravolta no marcador (83'). Nos minutos finais, os cruzamentos e livres laterais para e junto à área do FC Porto sucederam-se, mas resultaram numa mão cheia de nada.

O FC Porto resgatou um ponto, mas deixou a impressão que podia ter garantido três, se a gruta não se tivesse tornado demasiado profunda.