Há noites sombrias, sem cor e sem alma.

Uma noite como a que o Benfica teve em Munique. As águias deixaram que o Bayern sentenciasse o seu futuro na prova, sofreram a terceira derrota mais pesada da sua história na Europa – pior só em Vigo e em Basileia – e vão seguir para a Liga Europa.

A presença na segunda prova de clubes mais importante da UEFA é o que se salva desta campanha medíocre na qual o Benfica pouco ou nada limpou a imagem deixada no ano passado.

O resultado final (5-1) assusta pela facilidade com que os bávaros – supostamente a viverem um período negativo – o construíram.

FILME E FICHA DE JOGO

A montanha era íngreme e tornou-se mais inclinada por culpa do Ajax que venceu em Atenas e garantiu a qualificação para os oitavos de final. Para entrar na última jornada com esperanças de passar à fase a eliminar, o Benfica tinha obrigatoriamente de vencer em Munique no mínimo por dois golos de diferença.

A tarefa já de si hercúlea tornou-se impossível ainda antes da meia hora. Ao intervalo o destino das águias estava definitivamente traçado e nem o golo de Gedson a abrir o segundo tempo fez o campeão germânico tremer.

Rui Vitória apostou num corredor esquerdo com Gabriel, Grimaldo e Cervi, voltando ao 4x3x3. E foi exatamente por esse lado – qual autoestrada – que o Bayern começou a cravar diferenças no marcador. Robben foi o protagonista. Aos 13 minutos, o holandês de cristal livrou-se de três homens, entrou na área perante a apatia encarnada e fuzilou Vlachodimos. Quase meia hora depois, chegou o 2-0: tudo começa num corte de Rafinha junto à sua área e acaba em Robben que assinou, com classe e categoria, o bis.

De resto, o Benfica bem pode agradecer a Vlachodimos o facto de a diferença no marcador não ser mais elevada ao intervalo, visto que o guarda-redes internacional grego negou com duas excelentes intervenções golos a Lewandowski (23’) e a Muller (36’).

Para além do corredor esquerdo, também a fragilidade defensiva dos encarnados nas bolas paradas ditou diferenças. Um canto curto entre Kimmich e Robben terminou com a cabeçada mortífera de Lewandowski (37’) no meio de Conti e Rúben Dias. Na segunda parte o polaco fez o segundo golo da conta pessoal de forma muito semelhante: cabeceamento certeiro entre dois homens do Benfica, junto à pequena área.

Pelo meio é importante referir que o Benfica não fez qualquer remate à baliza de Neuer na primeira parte. Um facto de sublinhar tendo em conta o carácter de sobrevivência do encontro. Porém, na primeira vez que acertou entre os postes, festejou (46’). Gedson, lançado ao intervalo para o lugar de Pizzi, tabelou com Jonas e não tremeu no frente a frente com o gigante da baliza do Bayern Munique.

Foi a melhor jogada ofensiva do Benfica em todo o jogo.

No entanto, quando se previa que as águias pudessem causar algum desconforto ao adversário, surgiu o tal golo de Lewandowski (51’) que fechou o resultado. As indicações do banco também deram a entender isso mesmo: Jonas deu a vez a Seferovic e Alfa Semedo entrou para o lugar de Fejsa.

Com o Benfica totalmente entregue, o Bayern confirmou a goleada a quinze minutos do final num lance criado e finalizado por Ribery: Alaba teve permissão para explorar as costas de André Almeida e servir o francês com um passe atrasado.

Os últimos quinze minutos foram de agonia para o Benfica que, pelo segundo ano seguido, cai na fase de grupos da Liga dos Campeões e com um percurso do qual pouco ou nada se pode orgulhar.