A FIGURA: Aboubakar
Falhou um belo par de ocasiões, é certo, mas voltou a ser decisivo. Não fosse a falta de calma para finalizar algumas bolas e hoje o FC Porto poderia ter chegado a uma goleada. Ainda assim, voltou a ser decisivo. Abriu o caminho para o triunfo portista ao chegar com a cabeça a um cruzamento bem medido de Layún, mas é o seu papel no segundo golo, em que assiste Brahimi, que melhor define a preponderância que assume nesta equipa. Uma pergunta: ainda têm saudades do sem dúvida extraordinário ponta-de-lança que era Jackson Martínez?
 
O MOMENTO: Minuto 41. Meio Maccabi a correr atrás deles
Aboubakar recebe a bola no meio-campo, roda e avança… Segura e no momento certo faz o passe mortal para Brahimi (um milésimo de segundo mais tarde o argelino estaria fora de jogo), que corre em direção à baliza e remata para o fundo das redes à saída de Rajkovic. 2-0! Estava sentenciada a partida. Parece simples. Na verdade, até o é; mas só quando se tem puros talentos africanos capazes de fabricarem uma jogada de contra-ataque simples com meia equipa do Maccabi a correr atrás.
 
O PIOR: Corona
Atenção, Corona é um talento. Não sabe é muitas vezes usar a habilidade que tem. Contra o Maccabi exagerou do drible. Uma e outra vez. Até à exaustão. Até perder a bola, quase invariavelmente. Foram mais de uma dezena de turnovers (vale a pena usar a gíria basquetebolística para enfatizar o desperdício). Lopetegui percebeu que hoje a falta de verticalidade do seu extremo estava a prejudicar a manobra ofensiva e trocou-o por Tello ainda antes dos dez minutos do segundo tempo, numa altura em que também saiu Imbula (outro dos menos produtivos).
 
OUTROS DESTAQUES:
Brahimi
Como não destacá-lo? Mesmo quando exagera no drible, o argelino encontra sempre um espaço. Brahimi hoje jogou de raiva. Nem sempre tomou as melhores opções, mas foi, como quase sempre, um foco de instabilidade permanente para a segurança defensiva israelita. E quando teve a sua oportunidade não faltou à chamada para sentenciar o resultado ainda antes do intervalo.

André André
Não sabe jogar mal. Mesmo quando não é ele a brilhar, acaba por ser fundamental à equipa. Esta noite voltou a sê-lo em vários momentos do jogo: a compensar as falhas táticas de Imbula, a explorar espaços vazios no meio-campo, rompendo, com ou sem a bola nos pés, entre as linhas de quatro homens com que o Maccabi defendeu o resultado e sobretudo a trazer o suplemento de garra que muitas vezes falta ao meio-campo portista.

Rúben Neves
Capitão aos 18 anos 221 dias, batendo em quase dois anos o recorde de Van der Vaart no Ajax como mais jovem jogador a envergar a braçadeira num jogo da Liga dos Campeões. Só por isso, o jovem médio portista já merecia a referência. O resto é o que se vê em campo a cada jogo deste talento precoce: segurança tática e capacidade de ler o jogo impressionante para um jogador da sua idade… E uma precisão de passe, a média e longa distância, impressionante.

Maxi Pereira
O FC Porto não contratou um lateral, adquiriu uma locomotiva. Maxi é pendular e incansável. Anda acima e abaixo pelo carril direito do primeiro ao último minuto. Além do vigor habitual a defender, apareceu também no ataque em várias ocasiões, como num lance em que passou por dois adversários e isolou Aboubakar, que quase fez o primeiro, aos 12’, ou quando ele mesmo visou a baliza israelita, ao rematar com perigo tanto aos 36’ como aos 80’.

Miguel Layún
Defende, ataca. Cruza com o direto e com o esquerdo. É no fundo um todo-o-terreno. Um polivalente capaz de fazer todo o flanco (e o que mais se lhe pedir) com uma fiabilidade notável. Não é pouco. Mas hoje, Layún decidiu ainda oferecer golos a Aboubakar. Deixou o camaronês na cara do golo com um cruzamento de pé direito, aos 25’. Dessa vez, não entrou. Mas Layún não desistiu de servir de bandeja o ponta-de-lança e aos 38’, desta vez com um cruzamento do pé esquerdo, para Aboubakar desviar e abrir o caminho para o triunfo portista.
 
Ben Haim II
As atenções defensivas dos dragões estavam justificadamente concentradas em Zahavi (que nesta época leva 13 golos em 15 jogos), mas foi Ben Haim II quem mais importunou. Há dois Ben Haim, de facto, mas o segundo, o do ataque, é o que importa para o caso. É um jogador possante, capaz de levar o defesa atrás de si… Pertenceu-lhe a melhor ocasião do Maccabi na primeira parte, aos 16.
 
Avi Rikan
Entrou na segunda parte e rematou logo por duas vezes com muito perigo à baliza de Casillas. Dois excelentes remates. O primeiro quase dava golo, passou perto da barra e deixou o guardião portista sem hipóteses de defesa. O FC Porto teria tido mais dores de cabeça esta noite se este médio criativo tivesse entrado mais cedo.