Apuramento, mas… A passagem do Benfica aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões faz-se com as devidas reticências. Apesar de ter feito história, ao apurar-se pela primeira vez em duas épocas consecutivas na fase de grupos, a equipa de Rui Vitória precisou do auxílio vindo de Kiev para conseguir o feito.

Com a derrota em casa diante do Nápoles, num jogo em que o resultado de 1-2 foi melhor do que a exibição, os encarnados não só deixaram escapar o 1.º lugar no Grupo B, como selaram a participação na fase de grupos com o pior registo de golos sofridos (10 golos), agravando o seu registo de resultados.

O Benfica não perdia em casa há 17 jogos, desde 12 de fevereiro, quando o FC Porto venceu na Luz por 1-2, e somou a segunda derrota consecutiva, depois de perder na última sexta-feira, diante do Marítimo (Liga). Esta é a segunda sequência de dois desaires consecutivos desde que Rui Vitória assumiu o comando técnico das águias em 2015/16. A anterior aconteceu em outubro do ano passado, quando à derrota (2-1) em Istambul diante do Galatasaray se somou um desaire caseiro bem mais pesado no dérbi com o Sporting (0-3).

Curiosamente, no próximo domingo o Benfica volta a receber o Sporting num dérbi em que se joga a liderança da Liga.

A verdade é que perdendo o Benfica ganhou. E conseguiu a quinta passagem à fase seguinte da Liga dos Campeões e a segunda pela mão de Rui Vitória (depois de Artur Jorge em 1994/95, Ronald Koeman em 2005/06, e Jorge Jesus em 2011/12).

Um apuramento garantido com 8 pontos e à boleia do Dínamo de Kiev, que na Ucrânia não só evitou o triunfo do Besiktas – que seria letal para as aspirações benfiquistas – como goleou por 6-0 a equipa de Quaresma e Aboubakar (expulso, tal como Beck).

Ao 21.º jogo esta temporada, os turcos perderam pela primeira vez, mas com estrondo e prejuízo, e os ucranianos, já eliminados e sem aspirações, conseguiram a sua maior vitória de sempre na Liga dos Campeões e a segunda maior em toda a sua história da UEFA (depois dos 8-0 ao Barry Town em julho de 1998, na fase de qualificação).

Messi e os recordes: o normal numa noite de Champions

A noite foi também do Barcelona, que, com o primeiro lugar do Grupo C garantido, goleou por 4-0 e igualou o recorde de golos em fases de grupos da Liga dos Campeões: marcou um total de 20. A nível individual também houve um jogador culé a fazer história e (surpresa!) não foi Lionel Messi ou qualquer outro dos vértices do triângulo MSN.

Quem mais brilhou na goleada de Camp Nou ao Borussia Mönchengladbach foi Arda Turan, que fez um hat-trick, juntando-se no galarim de ilustres blaugrana que fizeram três golos no mesmo jogo da Liga dos Campeões a Messi, Neymar, Ronaldinho Gaúcho, Eto’o e Rivaldo.

Messi, pois claro, também tem o seu registo histórico esta noite. Desta vez, o argentino abriu o marcador, tornou-se no segundo jogador a chegar aos 10 golos ou mais na fase de grupos (atrás de Ronaldo, 11 em 2015/16) e somou o seu 57.º golo na Liga dos Campeões, ultrapassando Raúl González como segundo maior goleador da prova – está agora a sete golos de Cristiano Ronaldo.

No outro jogo do grupo, o Manchester City, já apurado, não foi além de um empate a um golo com o Celtic.

Outro hat-trick em destaque esta noite foi o do espanhol Lucas Pérez, que esteve na goleada do Arsenal na Suíça sobre o Basileia (1-4), num grupo em que o PSG surpreendeu ao permitir o empate em casa diante do Ludogorets, um resultado que valeu a Liga Europa aos búlgaros. Porém, tanto londrinos como parisienses já estavam apurados para a fase final. Tal como Bayern e Atlético, que se defrontaram com os bávaros a quebrarem o registo vitorioso dos madridistas, graças a um golo de Lewandowski, num grupo em que o Rostov com um nulo na Holanda, diante do PSV, segurou o terceiro lugar que vale o acesso à Liga Europa.

Há portanto muita coisa já definida à partida para o segundo dia da derradeira jornada. Desde logo, quase todos os cabeças de série dos «oitavos»: Arsenal, Nápoles, Barcelona, Atlético de Madrid, Mónaco, Leicester, Dortmund ou Real Madrid e Juventus ou Sevilha. Tal como os adversários por via do segundo lugar do grupo: PSG, Benfica, Manchester City, Bayern de Munique, Leverkusen, Dortmund ou Real Madrid, FC Porto ou Copenhaga e Juventus ou Sevilha ou até Lyon, no mais indefinido Grupo H.