Marcar um golo aos dois minutos de jogo é sempre um bom augúrio. Jogar contra uma equipa que não venceu nenhum dos últimos dez jogos na Liga dos Campeões seria também uma ajuda para que tudo se traduzisse num bom desfecho.

No entanto, em Istambul, a águia entrou em voo picado para a terceira vitória no grupo, que encaminharia a qualificação, mas perdeu fôlego ao fim de um quarto de hora de jogo.

Entrou no jogo praticamente a vencer: à sagacidade de Jonas, que bateu rapidamente um livre, juntou-se a arte de Gaitán, que sentou Chedjou com um drible antes de picar a bola sobre Muslera.

Golo! Logo aos dois minutos. O golo mais rápido de sempre do Benfica na Liga dos Campeões…

O craque argentino precisa de meia dúzia de metros quadrados para fazer a diferença e os turcos deviam de saber disso. Não só não pareciam atentos, como se revelaram uma equipa estática pelos nervos.

Eram uns autênticos cordeirinhos prontos para serem devorados pelas águias, chegou a pensar-se no primeiro quarto de hora de jogo.

O problema é que este “Gala” é uma equipa matreira. É um lobo com pele de cordeiro. Aliás, é um leão. O Leão de Aslan, como orgulhosamente se revela num dos seus epítetos.

Os leões dormem bastante, mas também acordam. E quando o Galatasaray acordou deixou de ser uma equipa sem genica, para entrar numa pressão feroz.

O maestro Sneijder, o bombardeiro Podolski e companhia assentaram ideias e começaram a gerir melhor a posse de bola no meio-campo. E quando não a tinham, atacavam o portador por parte do Benfica.

O jogo começou a virar quando André Almeida, imprudente, deixou o braço onde não devia, o que levou o árbitro escocês William Collum acertou ao assinalar uma grande penalidade convertida por Selçuk Inan, sem hipóteses para Júlio César.

Estava feita a igualdade e o equilíbrio no marcador deu força aos turcos. Os nervos passaram para o lado do Benfica, que repetiu erros defensivos. O mais clamoroso aconteceu no golo com que o Galatasaray virou o jogo.

O defesa-central Chedjou redimiu-se do lance do golo encarnado e fez um passe rasteiro a rasgar a defensiva encarnada... Encontrou Podolski, que sem marcação de Eliseu a proveitou o facto de Jardel o estar a colocar em jogo e ganhou-lhe metros ao sprint antes de rematar com o pé esquerdo uma bola que passou entre as pernas de Júlio César.

Estava feito o 2-1 e o Ali Sami Yen, o estádio mais ruidoso do mundo, entrava em ebulição.

O leão estava acordado e ameaçava a águia, que apareceu com novo alento só depois do intervalo.

Águia foi à caça mas não teve killer instinct
Foi um início de segunda parte de loucos. O Galatasaray esteve muito perto do golo num remate de Sneijder, que após desvio terminou no poste, e com Bulut a rematar na pequena área contra Júlio César.
Porém, o Benfica apareceu transfigurado, ofensivo, e respondeu com uma mão cheia de oportunidades do outro lado do campo.

Gaitán, Jonas, Gaitán de novo (e Jiménez também)… Uma e outra vez tentaram visar a baliza de Muslera.

O melhor exemplo disso mesmo aconteceu aos 60 minutos, onde no mesmo lance o Benfica teve duas oportunidades: Jonas falhou o desvio após canto de Gonçalo Guedes e na sobra Gaitán rematou forte, com o guarda-redes do Gala a defender.

Estava partido o jogo. E o Benfica podia ter aproveitado na última meia-hora, em mais um par de fogachos de Gaitán e Jonas. Como a equipa depende destes dois talentos…

Não foi suficiente para chegar ao merecido empate, que colocaria justiça no resultado e não deixaria tão embrulhadas as contas do grupo.

Faltou killer instinct à águia, que foi a Istambul caçar três pontos, mas perdeu-os assim que acreditou ter um cordeirinho à sua mercê.

Afinal, era um leão. Domingo, tem outro pela frente.