Após a goleada frente ao Bayern Munique (5-1), os adeptos presentes no Allianz Arena pediram a demissão de Rui Vitória. O técnico do Benfica recusou comentar o pedido dos adeptos e sublinhou que o «importante era abordar a questão do jogo».

«Nesta altura é importante a abordar a questão do jogo. Falo com o presidente todos os dias e falarei sempre. O fundamental é de facto analisar o jogo e aí que me foco. O resto é acessório. Não estivemos bem, a estratégia idealizada não foi operacionalizada. Mérito da equipa do Bayern que foi superior. É uma das grandes equipas da Europa. Não tivemos a capacidade que queríamos para este jogo», disse, em conferência de imprensa.

Olhando para a estratégia idealizada para o jogo que terminou com um desaire pesado - o terceiro pior da história do clube na Europa - Rui Vitória alteraria alguma coisa?

«À posteriori é mais fácil. A meio da primeira parte e quando aconteceu o primeiro golo, pensámos que o que tínhamos idealizado não estava a ser correspondido. A estratégia para o jogo passava por uma grande organização defensiva, agressividade na conquista da bola e, depois, partir para o ataque com mobilidade e velocidade. Não a conseguimos operacionalizar. Foi pensado desta maneira e os jogadores que tínhamos eram para dar corpo a essa estratégia. O Bayern Munique foi superior, limitou-nos as ações em determinadas zonas do campo e tivemos dificuldade. Resume-se basicamente a isto», explicou.

Na véspera do encontro na Alemanha, o treinador das águias assumiu-se como um homem feliz. Perguntado se era um homem feliz, mas perdido, Rui Vitória respondeu de forma peremtória.

«Não, nem pensar. Perdido jamais. Feliz sou feliz, sou uma pessoa optimista. Estou triste neste momento tal como estão os benfiquistas e os jogadores no balneário. É em momentos como este que deve sobressair o espírito de campeão e a união. Jogadores, equipa técnica, direção, administração, estrutura e sócios têm de estar mais unidos. Quanto mais divididos estivermos, mais fácil será diminuir o Benfica. Perdido jamais. Feliz porque faço o que gosto, mas triste pela derrota», frisou.

Perante a insistência dos jornalistas na sala de imprensa do Allianz Arena, Rui Vitória voltou a explicar a estratégia para esta partida e afirmou que os seus jogadores foram «permissivos» em determinados momentos do encontro.

«A velocidade era fundamental. Se não pensarmos rápido não há velocidade que resista. Pensamos em ser agressivos e sair com fluidez para o ataque. O primeiro passe saiu com dificuldade. Acabámos por não ter a saída que queríamos para mais à frente lançar jogadores como Cervi e Rafa de fora para dentro. Se não formos agressivos não temos possibilidades de construir essas jogadas. Não funcionou. Fomos muito permissivos. O primeiro golo é sintomático, o jogador do Bayern Munique ganha ressaltos e entra na área com facilidade. Permitimos que isso acontecesse e a este nível paga-se caro. Quando reanimámos o Bayern retirou-nos a força anímica a seguir. O Bayern foi um justo vencer, não tivemos a capacidade que queríamos ter», referiu.

O ciclo negativo do Benfica mantém-se: duas vitórias nos últimos sete jogos. Rui Vitória defendeu-se quando questionado sobre se a equipa está sem rumo.

«Defrontámos uma equipa de grandes jogadores, uma das melhores da Europa. Não é por uma questão de momento que a qualidade não está cá. Os jogadores do Bayern Munique são grandes executantes. Quem olha para este jogos sabe disso. Estávamos avisados e o futebol é mesmo isto. É evidente que depois disto, analisámos essas situações e podemos criticá-las. Há mérito dos adversários. Perdidos? Não. A minha equipa é uma equipa de valor. Já mostrámos qualidade no início e no decorrer desta época. O impacto direto é a saída da Liga dos Campeões e a entrada na Liga Europa. Objetivamente, é o que resulta deste jogo. Agora temos de amadurecer, analisar, viajar para Portugal, preparar o próximo jogo e ter capacidade de união e acreditar no valor que temos», concluiu.