Mesmo que vençam os seus jogos desta quarta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, a matemática diz que Benfica e FC Porto ainda não poderão festejar o apuramento. Ninguém duvida, porém, de que em caso de vitória ficaria a faltar-lhes apenas um pequeno passo nas duas jornadas em falta. Apesar de a derrota do Benfica em Istambul ter feito perder a invencibilidade ao contingente luso, tanto encarnados como dragões poderão, até, chegar à última ronda – com jogos diante de At. Madrid e Chelsea, respetivamente - tendo a qualificação no bolso, o que é muito raro nos desempenhos portugueses na fase de grupos desta competição.

Calendário, resultados e classificações

A verdade é que, decorridas três jornadas, Benfica e FC Porto, em conjunto, podem assinar o melhor desempenho global de equipas portuguesas desde que foi criada a Liga dos Campeões, em 1992/93. Até agora, os 13 pontos conseguidos em 18 possíveis, perfazem um aproveitamento de 72% e uma dupla vitória nesta ronda faria subir esse valor para os 79%, algo que nunca foi conseguido por mais do que uma equipa.

É possível fazer melhor do que em 2008/09

Os melhores trajetos portugueses na Champions aconteceram, até agora, em temporadas com um representante único - como aconteceu no ano em que o FC Porto chegou ao título, em 2003/04. Foi também assim com o Benfica em 1994/95 (apurado com 75% dos pontos), com o FC Porto em 1996/97 (qualificou-se com 89%, mas tinha registo perfeito à quarta jornada) e novamente com os dragões, em 2009/10, quando se qualificaram com 67% de aproveitamento (e 75% à quarta ronda).

Desde que há Champions, nunca aconteceu três equipas portuguesas passarem à segunda fase. E os duplos apuramentos são muito raros: aconteceram apenas na temporada 2001/02 (Boavista e FC Porto, mas numa época em que a prova tinha duas fases de grupos, que nenhum dos dois superou) e em 2008/09, quando Sporting e FC Porto seguiram para os oitavos, com um rendimento global de 67%.

Desta vez, o desfecho pode ser o mesmo, mas a pontuação pode ser ainda melhor e, principalmente, a qualificação mais tranquila. Se o Benfica vencer o Galatasaray passa a somar nove pontos e, em princípio, precisará apenas de um empate no jogo seguinte, com o Astana, para deixar os turcos fora de combate e assim descartar o jogo final, em casa com o At. Madrid. O FC Porto tem um cenário ainda mais favorável já que, caso vença em Israel, pode depois acertar contas em casa com o Dínamo Kiev, tornando o jogo com o Chelsea, em Londres pouco mais do que uma formalidade.

A cumprir-se este cenário, estariam então reunidas as condições para esta ser a Champions mais portuguesa de sempre, já que, além de dois representantes lusos nos oitavos de final, e dos vários jogadores em equipas de topo, há nesta altura ainda mais equipas comandadas por técnicos portugueses com francas hipóteses de seguirem para a fase a eliminar – casos do Chelsea, de José Mourinho, do Olympiakos, de Marco Silva, do Zenit, de André Villas-Boas e do Valência, de Nuno Espírito Santo.

Rendimento das equipas portuguesas à quarta jornada da Champions

(Pontos/pontos possíveis)
* 1992/93: 1/8 (12,5%)
* 1993/94: 4/8 (50%)
* 1994/95: 6/8 (75%)
* 1995/96: 5/12 (42%)
* 1996/97: 12/12 (100%)

1997/98: 5/24 (21%)
1998/99: 8/24 (33%)
1999/2000: 11/24 (46%)
* 2000/01: 1/12 (8%)
2001/02: 14/24 (58%)
2002/03: - (sem equipas na fase de grupos)
* 2003/04: 7/12 (58%)
* 2004/05: 2/12 (17%)

2005/06: 7/24 (29%)
** 2006/07: 16/36 (44%)
** 2007/08: 15/36 (42%)

2008/09: 15/24 (62,5%) 
* 2009/10: 9/12 (75%)
2010/11: 12/24 (50%)
2011/12: 12/24 (50%)
** 2012/13: 14/36 (38%) 
2013/14: 8/24 (33%)
** 2014/15: 18/36 (50%)

2015/16 (três jornadas): 13/18 (72%)

* Apenas uma equipa na fase de grupos
** Três equipas na fase de grupos

A jornada pode servir também, com um bom contributo das equipas participantes na Liga Europa, para reforçar a 5ª posição de Portugal no ranking da UEFA, acentuando a vantagem sobre França e Rússia. Para já, o contingente português recuperou de um mau início e já tem o sexto melhor desempenho global nesta temporada. Os apuramentos de Benfica e FC Porto seriam um forte empurrão nesse sentido, fazendo aproximar o total de pontos dos valores conseguidos nas épocas anteriores - e atenuando a perda prematura de uma equipa, o V. Guimarães, que se despediu das provas europeias sem somar qualquer ponto. Veja como está distribuído o contributo das equipas portuguesas para o ranking nos últimos cinco anos.

Contributo das equipas portuguesas para o ranking da UEFA

Total de pontos: 48,082
Benfica: 15,832 (32,9%)
F.C. Porto: 13,667 (28,4%)
Sporting: 6,833 (14,2%)
Sp. Braga: 4,167 (8,7%)
Estoril: 1,750 (3,6%)
Marítimo: 1,333 (2,7%)
Belenenses: 1,000 (2,1%)
V. Guimarães: 0,917 (2,0%)
Rio Ave: 0,917 (2,0%)
Académica: 0,667 (1,4%)
Nacional: 0,500 (1,0%)
P. Ferreira: 0,500 (1,0%)

Época a época
2015/16
Total: 33 pontos a dividir por seis equipas (5,500)
FC Porto=9 (1,500)
Benfica= 8 (1,333)
Sp. Braga=6 (1,000)
Belenenses=6 (1,000)
Sporting=4 (0,667)
V. Guimarães=0

2014/15
Total: 54,5 pontos a dividir por seis equipas (9,083)
F.C. Porto = 27 (4,500)
Sporting= 10 (1,667)
Benfica= 8 (1,333)
Rio Ave=5,5 (0,917)
Estoril=4 (0,667)
Nacional=0

2013/14
Total: 59,5 pontos a dividir por seis equipas (9.917)
Benfica=29 (4,833)
F.C. Porto=16 (2,667)
Estoril=6,5 (1,083)
V. Guimarães=4 (0,667)
Paços de Ferreira=3 (0,500)
Sp. Braga=1 (0,167)

2012/13
Total: 70,5 pontos a dividir por seis equipas (11.750)
Benfica=26 (4,333)
F.C. Porto=20 (3,333)
Marítimo=8 (1,333)
Sp. Braga=7 (1,167)
Sporting=5,5 (0,917)
Académica=4 (0,667)

2011/12
Total: 71 pontos a dividir por seis equipas (11.833)
Benfica=24 (4,000)
Sporting=21,5 (3,583)
Sp. Braga=11 (1,833)
F.C. Porto=10 (1,667)
Nacional=3 (0,500)
V. Guimarães=1,5 (0,250)