José Mourinho entrou com ar calmo na conferência de antevisão ao encontro do Chelsea frente ao Dínamo Kiev, marcado para quarta-feira, mas depressa mudou a expressão.
 
Não fosse a primeira pergunta direcionada sobre quanto tempo acha que tem no comando técnico dos blues e se já se tinha reunido com Abramovich.
 
«Não tenho responder a isso. Se estive ou não. Tenho mais quatro anos. Neste caso, neste momento, três anos e sete meses.»
 
As perguntas continuaram nesse sentido, obrigando até o diretor de comunicação do clube a intervir. Ainda assim, claro, o mesmo assunto, mas não tão direto e a incidir nos jogadores, nomeadamente na possibilidade de estarem contra ele.
 
Ao que Mourinho respondeu: «Essa é uma acusação muito triste e desonesta. Se eu dissesse que algum jornalista era desonesto, provavelmente tomariam medidas legais. Estão a acusar os jogadores de desonestidade. Eles têm vindo a dar o seu melhor a cada minuto e em todos os treinos. Têm uma personalidade fantástica. Trabalham no limite e têm sempre força e vontade de vencer o próximo jogo.»
 
Tal como o próprio Mourinho. «Tento ser melhor treinador a cada dia. Tento analisar todos os detalhes do meu trabalho. É por isso que sou bom», disse, para justificar ser capaz de dar a volta ao momento: «Quando se chega ao meu nível é difícil aprender com os outros, tem de se aprender com o próprio. Eu aprendo todos os dias comigo.»
 
Por isso, o treinador diz saber o porquê de os resultados não terem sido positivos até ao momento: «Sei a que se devem. Ando nisto há muito tempo. É uma combinação de fatores, mas que não quero dizer quais.»
 
Quanto a esta fase negativa «e nova» na carreira, depois de tanto sucesso nos últimos anos, Mourinho defendeu-se com declarações que proferiu em 2004, na conferência de imprensa após vencer a Liga dos Campeões com o FC Porto, e que um amigo lhe recordou há poucos dias.
 
«Tinha dito que os maus resultados chegariam e que os iria enfrentar com a mesma honestidade e dignidade com que estava a encarar ser campeão europeu.»
 
«Esperei 11 anos para isso acontecer. Demorou algum tempo, mas chegou num momento em que me sinto estável e com força para os enfrentar», justificou.