A final mais desejada da época no futebol mundial. A Liga dos Campeões 2016/17 chega ao fim neste 3 de junho, um sábado, como aconteceu nas últimas edições. A quarta-feira perdeu o estatuto desde 2009.

Em Cardiff, País de Gales, o Millennium Stadium vai receber Juventus e Real Madrid. Será o quarto recinto britânico a ter uma final da Champions, a 11ª na ilha também.

Frente a frente, o campeão italiano que perde finais como ninguém; no lado oposto, o emblema mais titulado da prova, mas que enfrenta uma maldição com décadas.

Cristiano Ronaldo também vai lá estar e até há um companheiro de equipa que o pode igualar, num daqueles feitos raros que o internacional português já conseguiu. Por falar em raridade, ele já o é nesta final em que também poderão participar Pepe e Fábio Coentrão, os outros portugueses do Real Madrid.

Barcelona «tratou» da Juve, que se isolou de Bayern e Benfica

A Juventus construiu um presente glorioso em Itália. O passado da Vecchia Signora também o é, no calcio. Na Taça/Liga dos Campeões Europeus o cenário é diferente. Apesar de todos os troféus italianos e outros de Taça UEFA e Taça das Taças, a Juve tem de viver com o historial riquíssimo do Milan na maior prova de todas.

Historicamente, a campeoníssima italiana vive na tentativa de ser, também na Champions, a principal referência do país do Calcio. Mas entre tentar e conseguir vão seis finais perdidas de distância. Um recorde absoluto.

Quando em 2015 o Barcelona «tratou» da Juventus, fez da Vecchia Signora um caso único na Taça/Liga dos Campeões Europeus. Ninguém perdeu mais finais do que os bianconeri, que se isolaram de Bayern e Benfica nessa temporada.

Os encarnados e os germânicos continuam com cinco derrotas em finais, a Juventus tem agora seis e duas conquistadas: uma em 1985, outra em 1996. O que quer dizer que o clube perdeu as últimas quatro!

Já o Real Madrid venceu as últimas cinco finais da Champions em que esteve. Mas se a Juve luta contra os próprios fantasmas, o emblema espanhol tem uma maldição à escala da Europa a fazer-lhe frente.

O clube dos oito e Ronaldo…único

A história da Taça dos Campeões Europeus começou em 1955/56, com um jogo entre Sporting e Partizan Belgrado, no Jamor. Daí para cá, 22 emblemas venceram a mais mediática e rica, em dinheiro e prestígio, competição de clubes do mundo.

Ainda assim, apenas oito clubes conseguiram tiveram sucesso a defender o troféu e proclamar-se a melhor equipa do Continente em épocas consecutivas.

O Real Madrid até foi a equipa que o fez melhor, ao vencer cinco taças seguidas. O Ajax e o Bayern Munique conseguiram três Taças dos Campeões seguidas e a concluir o clube dos oito estão Benfica, Inter de Milão, Liverpool, Nottingham Forest e, como não podia deixar de ser, o Milan.

Os rossoneri foram os últimos a conseguir defender o título, precisamente numa final frente ao Benfica. A partir daí, de 1989/90, nenhum campeão em título conseguiu repetir o feito no ano imediatamente a seguir.

Quatro deles até chegaram à final, mas falharam. O Milan em 1994/95, o Ajax em 1995/96 e a Juventus em 1996/97. Para além do Manchester United, em 2008/09, que perdeu para o Barça.

Já o Milan perdera com o Ajax, que depois perdeu com a Juventus, enquanto essa mesma Juventus foi derrotada… pelo Real Madrid, que tem agora a oportunidade de acabar com aquela que é conhecida como a maldição da Champions – era moderna da prova -, mas que já dura, na verdade, há 27 temporadas. Buffon tinha 12 anos quando isso sucedeu. Deve ser o único nesta final com memória desse tempo.

Em Cardiff, estará apenas um jogador com experiência da defesa do título até ao derradeiro jogo: Cristiano Ronaldo. O português encara de novo a maldição de frente.

Outras raridades de CR7

Na primeira final que Cristiano Ronaldo jogou, o português marcou. Um grande golo de cabeça ao Chelsea, numa partida que seria decidida nos penáltis: o CR7 até falhou, o único no Manchester Utd, já agora, mas Terry e depois Giggs decidiram a favor dos red devils.

Na última, o madeirense não fez golos durante a partida, mas o penálti do triunfo merengue foi dele: bateu o último frente ao At. Madrid.

Cristiano Ronaldo tem duas finais em que ficou em branco, mas tem outras duas em que faturou: isto porque no prolongamento em Lisboa, frente aos rivais de Madrid, fez o 4-1 de grande penalidade.

Um golo que fez de Cristiano Ronaldo uma raridade na História grande da Taça/Liga dos Campeões Europeus. O internacional português foi apenas o segundo jogador de sempre a marcar numa final por dois clubes diferentes.

Velibor Vasovic, defesa jugoslavo dos anos 60 e uma das maiores figuras do Partizan, fez um golo pelo clube de Belgrado e outro pelo Ajax, em duas finais diferentes: em 1965/66 e 1968/69. Perdeu ambas, ao contrário de Ronaldo, que sempre que marcou venceu.

Há dois futebolistas que podem igualar este feito em Cardiff, curiosamente. Um é colega do português e…ex-Juventus: Álvaro Morata. O outro é Mario Mandzukic que marcou no Borussia Dortmund-Bayern Munique, 1-2, o primeiro golo dos bávaros.

A UEFA gosta, por vezes, de dividir as estatísticas da prova entre a era Taça dos Campeões Europeus e a mais recente Champions League. Nesta última, há oportunidade para dois jogadores fazerem outra raridade. E quando se fala nestas, Ronaldo está obviamente incluído. Ele e Sergio Ramos podem ser os primeiros a marcar em três finais da Liga dos Campeões, desde que ela assim se designa.

A final de 1998, entre Juventus e Real Madrid, resolvida por um golo de Predrag Mijatovic, continua viva e acabou com a longa espera merengue.

Porém, há um empate técnico nos jogos entre as duas formações: oito vitórias para cada lado, dois empates, 21 golos apontados pelos italianos, 18 pelos espanhóis. E depois, já agora, há um tipo que marcou sempre aos bianconeri quando os defrontou: tem cinco golos em quatro jogos. Como se chama? Se ainda não percebeu…