Depois de uma fase de grupos bem conseguida, ao FC Porto calhou agora em sorte o Liverpool, como adversário dos oitavos de final da Liga dos Campeões.

Na próxima fase da liga milionária, os dragões defrontam uma equipa que, embora continue de fora do lote dos favoritos, tem demonstrado ser um verdadeiro perigo à solta para os adversários, sobretudo na Europa.

E muito por culpa de uma linha avançada temível, um conjunto de homens capaz de fazer corar qualquer gigante europeu. Nomes como Sturridge, Roberto Firmino, Sadio Mané e um inspirado Salah, que leva uma média impressionante de 19 golos em 24 jogos e lidera a lista de marcadores da Premier League.

Toda esta fome de golo servida por um brasileiro: Philippe Coutinho, que, juntamente com Emre Can, forma o cérebro deste pássaro (liverbird - pássaro no símbolo) que tenta levantar voo novamente, também com dedo de Jurgen Klopp. Depois de uma época de estreia algo intermitente, o técnico germânico consolidou o seu modelo de jogo e tornou os reds numa máquina ofensiva, sim, mas com critério de jogo.

Encontram-se até algumas semelhanças com equipa portista no que toca à intensidade de jogo, salvo as devidas diferenças entre o futebol inglês e o português.

Convém salientar que o Liverpool chegará ao jogo com uma rodagem muito maior nas pernas, até europeia. Os reds só entraram na Champions por intermédio de um play-off, remetendo o Hoffenheim para a Liga Europa (e para o Sp. Braga). Seguiu-se uma presença invicta na fase de grupos, em que defrontou Sevilha, Spartak Moscovo e Maribor.

Perante um grupo teoricamente acessível, os reds não só terminaram isolados na liderança, como fecharam com chave de ouro a participação naquela fase, graças a uma goleada das antigas ao conjunto moscovita (7-0), selando também a segunda melhor marca de golos na fase de grupos (23), dois atrás do PSG, mas igualmente um recorde da prova, que se situava nos 21.

Doze pontos, três vitórias e o mesmo número de empates. Uma participação mediana, tranquila demais até, mas que chegou para seguir em frente.

Anfield tem sido talismã para a equipa de Klopp, visto que não soma qualquer derrota em casa esta temporada. Nos doze jogos realizados na cidade dos Beatles, os reds venceram sete e empataram os restantes.

O encontro com o FC Porto marcará também a estreia de Jurgen Klopp em Portugal, carismático treinador que nunca pisou solo luso, nem ao serviço do Mainz, nem pelo Borussia Dortmund.

Olhar para este Liverpool é olhar para uma equipa forte ofensivamente, como já foi referido, mas frágil em termos defensivos. Se quisermos traçar um rácio de golos marcados e sofridos, este situa-se no 2:1. Nos 25 jogos oficiais realizados esta temporada, o Liverpool marcou 63 golos...mas sofreu 31. Na memória mais recente está aquele empate dramático em Sevilha, em que os ingleses deixaram escapar uma vantagem de três golos na segunda parte (3-3).

Esta característica torna-a numa equipa imprevisível, com pontos fracos que os dragões devem e vão querer explorar. E, por falar em imprevisível, será curioso perceber também como irá o Liverpool apresentar-se na segunda metade da época.

Uma «besta negra» no caminho dos dragões

Isto porque não é recente o interesse dos tubarões europeus em alguns dos seus principais jogadores. O namoro mais badalado do último defeso foi o do Barcelona e de Philippe Coutinho. O negócio não se consumou, mas é público que os catalães não desistiram de contratar o internacional brasileiro, o que poderá acontecer já em janeiro e mudará todo o cenário.

Atual 4.º classificado da Premier League, o Liverpool está já a 16 pontos do líder, pelo que o «seu campeonato» é a luta pelos lugares europeus. No Dragão e em Anfield estará, então, um histórico a apostar todas as fichas na liga milionária.

Um adversário temível, que tomou de novo o gosto pelos grandes palcos, mas com pontos fracos que o dragão pode aproveitar.