É possível ser portista e também gostar do Liverpool? Sim, é.

Paulinho Alves cresceu no FC Porto e jogou três anos no Liverpool. É, portanto, possuidor de um percurso singular.

O Maisfutebol encontra-o a meio de uma viagem de comboio entre Wolverhampton e Londres. O tema é o duelo entre os campeões nacionais e «reds», desta quarta-feira, no Dragão.

«Joguei sete anos no FC Porto. Sempre fui portista, mas também gosto do Liverpool. O FC Porto vai ter de dar tudo amanhã, não tem nada a perder. Vai ser importante marcar nas oportunidades que criar», perspetivou o jogador dos Wolves, em conversa com o nosso jornal.

O embate dos quartos de final fica para segundo plano. A conversa flui a bom ritmo. Para além dos passeios pelo coração de uma cidade «apaixonada e que conhece como a palma da mão», Paulinho lembra o tempo entre Melwood e a academia do clube inglês, as sessões de treino ao lado de vários craques e revela a postura do carismático Jurgen Klopp no quotidiano.

«Logo nos primeiros treinos estive com jogadores da equipa principal. O Emre Can e o Balotelli, entre outros, não viajaram com a equipa para a digressão nos Estados Unidos e ficaram a treinar com os mais novos. Pouco depois de sair da Sanjoanense e com 17 anos, estava a fazer um exercício junto ao Balotelli. Ficou-me na memória», recordou.

De resto, o «enfant terrible» italiano é personagem principal do episódio mais caricato partilhado pelo médio ofensivo português.

«Há uma história engraçada com o Balotelli. Estávamos a fazer um exercício e quando acabámos, ele decide chutar a bola para fora do complexo desportivo. Sem motivo. Pensei ‘este tipo é um pouco maluco’» rememorou, entre risos.

Klopp convocou-o, mas um penálti falhado 'travou-lhe' a estreia




Nos três anos em Merseyside, Paulinho Alves desenvolveu-se sob o olhar atento de Brendan Rodgers e Jurgen Klopp. Embora tenha sido presença frequente entre os graúdos durante três épocas, apenas o treinador alemão convocou o luso para uma partida da equipa principal.

«Nos treinos o Klopp é um pouco mais reservado e calado do que nos jogos. Só fala quando acha oportuno. É um treinador muito exigente e apaixonado. Quando tem de dar uma reprimenda a algum jogador, dá. Lembro-me perfeitamente. Se levei alguma? Não, não (risos)», disse, em relação ao técnico do Liverpool.

18 da janeiro de 2017, quarta-feira, em Home Park, casa do Plymouth, Taça de Inglaterra. O português lembra-se imediatamente da data e do local, quando confrontado pelo Maisfutebol.

«Dois dias antes de ser convocado para a equipa principal, joguei pelos sub-23 contra o Manchester United, em Anfield. Duas horas antes desse jogo, avisaram-me da possibilidade de ser convocado para a primeira equipa. Foi uma semana especial. Estava preparado, mas não estava à espera», refere antes de contar como viveu o encontro da FA Cup.

«Cheguei a aquecer, mas isso é prática comum aqui. Foi um jogo complicado. Falhámos um penálti [Origi] e pensei ‘agora já não devo entrar’. Ainda que não tenha entrado, foi uma boa experiência.»

O futebol levou Paulinho até Wolverhampton, mas o vermelho e azul são as cores que lhe enchem o coração.  

Percurso de Paulo Manuel Neves Alves

2018/19 – Wolverhampton
2017/18 – Liverpool
2016/17 – Liverpool
2015/16 – Liverpool
2014/15 - AD Sanjoanense         
2013/14 – FC Porto
2012/13 – FC Porto
2011/12 – FC Porto
2010/11 – FC Porto
2009/10 – FC Porto
2008/09 - FC Porto
2007/08 - FC Porto
2006/07 - AD Sanjoanense

(artigo originalmente criado às 23h47 de 16/04/2019)