É a tendência mais normal numa crónica que mete Barcelona. Lionel Messi ser protagonista. Quando arrasa, quando está assim-assim ou até quando mal se dá por ele, o argentino arrisca-se a ser decisivo em qualquer momento.

Messi desceu ao patamar dos mortais esta terça-feira em Stamford Bridge. Incapaz de se libertar de uma teia que foi montada em torno dele, andou quase todo o tempo desaparecido, mas ainda foi a tempo de marcar pela primeira vez na carreira ao Chelsea e colocar o Barcelona na frente da eliminatória.

FILME E FICHA DE JOGO

Facilita atalhar pela célebre analogia de Carlos Carvalhal e do Ferrari no trânsito de Londres para explicar o que se passou durante boa parte da partida a contar para a 1.ª mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Sim (!), porque o Chelsea vestiu este papel na perfeição. Estruturados defensivamente numa linha de cinco defesas, os Blues chegaram a ter nove homens (mais Courtois) entrincheirados junto à grande-área, tapando quase todos os caminhos ao conjunto culé, que raramente conseguia mais do que simplesmente fazer o carrossel circular.

Mas o conjunto de Antonio Conte foi mais do que a equipa ultradefensiva que sugerem as estatísticas. Ainda que com muito menos bola (terminou o jogo com 30 por cento), o Chelsea foi, sobretudo na primeira parte, a equipa mais esclarecida em campo. Baixava linhas de forma consentida quando os visitantes tomavam de assalto o meio-campo contrário e chegavam quase sempre com perigo quando furavam as primeiras zonas de pressão do Barcelona.

E o que dizer de Willian? O extremo do Chelsea era um perigo apontado à baliza do Barça sempre que a bola chegava aos pés dele. No espaço de oito minutos (34’ e 42’) rematou por duas vezes aos ferros de Ter Stegen em remates de fora da área: primeiro ao esquerdo, depois ao direito.

Nossa senhora do Culés a proteger Messi e companhia em Stamford Bridge.

Na primeira parte, apenas dois lances se espremem do domínio territorial esmagador do Barcelona: um cabeceamento de Paulinho e outro de Piqué, que atirou ao lado quando estava a ser agarrado por Rudiger.

Na etapa complementar houve menos Chelsea. Mais Barcelona também? Talvez, mas só defensivamente. Os homens de Ernesto Valverde pareciam estar a conseguir estancar o poderio do ataque elástico montado por Conte, que deixara Morata e Giroud sentados no banco, ainda que não conseguissem solucionar os problemas criativos evidenciados na primeira parte.

Mas o futebol foi futebol. Foi o que é tantas e tantas vezes: imprevisível.

Aos 62 minutos escrevíamos no acompanhamento do jogo que o conjunto londrino não estava a conseguir ser tão incisivo nas saídas para o ataque. Logo a seguir, Willian pôs fim à maldição dos postes da primeira parte. Golo mais do que merecido do brasileiro, que atirou rasteiro e colocado para o 1-0.

A noite começava a sorrir para a equipa da casa, que mantinha os muros firmes raide após raide do exército catalão. Mas aos 75 minutos um erro primário de Christensen desguarneceu a baliza de Courtois. Em zona defensiva, o central dinamarquês tentou tocar para zona frontal e acabou por permitir que Iniesta recuperasse a bola. O espanhol arrancou na direção da baliza e serviu Messi para o remate certeiro do argentino.

Enguiço «Blue» esconjurado para o argentino e Barcelona na frente dos oitavos de final à entrada para a 2.ª mão em Camp Nou.