A superioridade do Bayern Munique nos 180 minutos da meia-final com o Real Madrid não chegou para os bávaros derrubarem o bicampeão europeu.

Tal como na Alemanha, a equipa de Jupp Heynckes voltou a justificar outra sorte, mas esbarrou na ineficácia própria e num erro digno de apanhados de Ulreich que comprometeu uma entrada fortíssima na capital espanhola.

Depois do susto diante da Juventus em pleno Bernabéu na 2.ª mão dos quartos de final, esta terça-feira o guião parecia estar a caminho de repetir, mas com a agravante de a almofada de conforto (agora de 2-1) ser agora consideravelmente menos densa.

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Aos 3 minutos, uma tentativa de alívio de Sergio Ramos sobrou para Kimmich, que inaugurou o marcador para os visitantes.

O Real parecia recompor-se do soco inicial quando Marcelo cruzou teleguiado para a cabeçada certeira de Benzema ao minuto 11, mas o avançar do relógio provou que há mesmo um problema crónico desta equipa de Zidane que os constantes happy endings vão mascarando.

Mas é impossível esconder a incapacidade gritante dos merengues para controlar jogos e poupar o coração da afición.

Tal como na 1.ª mão há menos de uma semana, o bicampeão europeu andou em cima de uma corda bamba, desequilibrou-se vezes sem conta, mas a sorte voltou a estender-lhe uma mão invisível que evitou que caísse com estrondo no chão.

As brechas que o conjunto alemão abria vezes sem conta esbarravam na desinspiração do ataque. Os bávaros ganhavam assalto atrás de assalto aos pontos mas, quando o Real parecia prestes a vacilar, Lewandowski e Müller falhavam a sequência de socos que o levariam, quiçá definitivamente, ao tapete.

Ao longo dos 90 minutos no Bernabéu, os merengues só por dois períodos pareceram apresentar-se ao nível dos homens de Heynckes. Na reta final da primeira parte e no primeiro quarto de hora da etapa complementar, aberta com um golo caído do céu quando um bloqueio de Ulreich entregou a bola a Benzema, que atirou para a reviravolta.

A equipa bávara acusou o golo. Desnorteou-se e andou perdida durante um par de minutos.

Perdida como nunca antes na eliminatória. Nesse período, Cristiano Ronaldo teve no pé direito a oportunidade de sentenciar a eliminatória, mas atirou por cima.

Refeitos do susto, os alemães retomaram o ascendente do combate. Recuperaram os índices de confiança e voltaram a encostar o opositor às cordas. Aos 63’, o proscrito James Rodríguez marcou à própria equipa e apimentou uma meia hora final que seria de sufoco intenso.

Depois da Juventus, o Real voltou a brincar com coisas sérias. Ou, talvez seja mais assim, não tenha hoje capacidade para mais do que isto.

Uma heresia, tamanha a qualidade dos artistas que apresenta, mas há que dizê-lo sem rodeios.

Navas, tantas vezes desvalorizado, acabou por ser o melhor em campo do lado espanhol. Ganhou asas e revelou serenidade nos momentos de maior aperto, sobretudo quando os onze protagonistas merengues, que se limitavam a missões defensivas, pareciam mais vulneráveis do que nunca.

O Bayern Munique merecia mais, mas ainda não foi desta que a sorte tirou o tapete debaixo dos pés do bicampeão europeu, que segue para a 3.ª final consecutiva da Liga dos Campeões e a 16.ª do historial.