A noite épica do Barcelona é um excelente pretexto para mergulhar no que o futebol tem de melhor: os jogos que o mundo não pode esquecer.

Por isso o Maisfutebol viajou na máquina do tempo e recordou os dez jogos mais admiráveis da história da Liga dos Campeões: desde 1992 até agora há um manancial que noites históricas que a melhor competição de clubes nos ofereceu.

Para nós, portugueses, é impossível esquecer o empate do FC Porto em Manchester, com Mourinho a correr desenfreado pela linha lateral, ou o triunfo do Benfica em Anfield Road, com golos de Simão e Miccoli.

Mas isso é outra conversa: aqui interessam os melhores jogos para lá de afinidades.

Por isso venha daí e viaje connosco nesta odisseia. A ordem é puramente cronológica.

1. Milan-Barcelona, 4-0

Final da Liga dos Campeões, 1994. No Estádio Olímpico de Atenas morreu um mito chamado Dream Team: o Barcelona de Johan Cruijff. A formação catalã, com nomes como Romário, Stoichkov, Koeman, Guardiola ou Zubizarreta, era totalmente favorita, mas acabou atropelada por uma máquina de defender bem e contra-atacar, orientada por um jovem Fabio Capello. Massaro, por duas vezes, Savicevic e Desailly fizeram os golos, numa noite que elevou Savicevic, Boban e Desailly ao topo do mundo.

2. Juventus-Manchester United, 2-3

Meias-finais da Liga dos Campeões, 1999. Depois de um empate em Old Trafford (1-1), o Manchester, dos Fergie Boys, viajou até Turim para defrontar a Juventus, de Zidane. Inzaghi fez dois golos nos primeiros quinze minutos e pareceu arrumar a eliminatória. Roy Keane e Dwight York colocaram o Man. United na frente, os Red Devils ainda atiraram duas bolas aos ferros, Inzaghi fez um golo anulado, o jogo ficou louco até que Andy Cole fez o 3-2 final. Roy Keane viu um amarelo que o afastou da final, ao parar um contra-ataque perigoso da Juventus, e quase bateu em Blomqvist, o colega que perdera a bola.

3. Manchester United-Bayern, 2-1

Final da Liga dos Campeões, 1999. Camp Nou estava a rebentar pelas costuras, com mais de 90 mil espectadores, para uma epopeia sublime. O Bayern, de Matthaus, Mario Basler e Stefan Effenberg, marcou cedo, com um golo de Basler logo aos 5 minutos. O resultado manteve-se até aos descontos, altura em que o Manchester United, de Andy Cole e Dwight York, mais Beckham e Giggs, virou a história do avesso. Tudo aconteceu em dois cantos, já com Schmeichel na área contrária: Sheringham e Solskjaer marcaram para a história.

4. Manchester United-Real Madrid, 4-3

Quartos de final da Liga dos Campeões, 2003. Depois de um triunfo (3-1) no Santiago Bernabéu, o Real Madrid viajou até Old Trafford com um verdadeiro um onze de galáticos: Zidane, Figo, Raul, Roberto Carlos e, acima de todos, Ronaldo. O Fenómeno fez os três golos merengues, antes da hora de jogo, e acabou com a eliminatória. O Manchester United ainda haveria de vencer, por 4-3, mas o Real Madrid seguiu em frente e Ronaldo saiu de campo debaixo de um monumental ovação dos exigentes adeptos do Manchester United.

5. Corunha-Milan, 4-0

Quartos de final da Liga dos Campeões, 2004. Depois de uma vitória por 4-1 na primeira mão, o Milan viajou até à Corunha com relativo conforto. Ou então não. Numa noite épica, o Corunha marcou por Pandiani, Valeron, Luque e Fran e virou a eliminatória ao contrário. Rui Costa entrou aos 77 minutos, pouco depois fez dois remates perigosos que Molina defendeu, confirmando que o Corunha seria o adversário do FC Porto nas meias-finais da Champions. O Milan de Kaká, Seedorf, Pirlo, Maldini e Shevchenko ficou pelo caminho.

6. Chelsea-Barcelona, 4-2

Oitavos de final da Liga dos Campeões, 2005. O primeiro reencontro de Mourinho com o Barcelona, depois dos anos passados na cidade condal. Um grande Barcelona, aliás: Ronaldinho, Deco, Xavi, Iniesta e Etoo. Na primeira mão o Barça tinha ganhado por 2-1, na segunda mão Gudjohnsen, Lampard e Duff deixaram Londres em loucura, antes de surgir Ronaldinho: o brasileiro faz dois golos e colocou novamente o Barça na frente. Até que John Terry, a quinze minutos do fim, fez o golo que afastou o Barcelona. Mourinho sorriu.

7. Milan-Liverpool, 3-3

Final da Liga dos Campeões, 2005. Um dos jogos imortais, por muitos anos que possamos viver. Em Istambul, antiga capital do Império Romano, o Milan parecia ter a mão na taça quando Maldini e Crespo (este por duas vezes) fizeram três golos na primeira parte. Em seis minutos do segundo tempo, e depois das bancadas do Liverpool cantarem You’ll never walk alone como provavelmente nunca cantaram, os ingleses destroçaram o que restava do império italiano. Gerrard, Smicer e Xabi Alonso igualaram o resultado e levaram a decisão para os penáltis. Dudek defendeu os remates de Pirlo e Shevchenko, Serginho atirou para fora, o Liverpool venceu a Champions e o mundo gritou «épico».

8. Barcelona-Bayern Munique, 0-3

Meias-finais da Liga dos Campeões, 2013. O jogo que significou a passagem de testemunho: o Barcelona pegou no louvor, embrulhou-o em papel bonito e entregou-o ao Bayern Munique. Não havia dúvidas. O Bayern venceu 4-0 na primeira mão, em casa, e foi a Camp Nou vencer por 3-0, com golos de Robben, Muller e Piqué na própria baliza. O cômputo geral sublinhou uma goleada: 7-0. A formação de Jupp Heynckes venceu também a final, frente ao Borussia, mas foi nas meias-finais que gritou ao mundo que era o melhor.

9. Bayern Munique-Real Madrid, 0-4

Meias-finais da Liga dos Campeões, 2014. O reencontro de Guardiola com o Real Madrid, agora orientado por Carlo Ancelotti, sorriu aos espanhóis da capital. Depois de uma vitória em casa por 1-0, graças a um golo de Benzema, os merengues destruíram a ambição bávara de dar a volta em Munique. Uma grande noite do duplo pivot do meio campo (Xabi Alonso e Modric) permitiu ao Real Madrid aguentar o ataque do Bayern e golear, com dois golos de Sergio Ramos e dois golos de Cristiano Ronaldo. Exemplar.

10. Real Madrid-Atlético, 4-1

Final da Liga dos Campeões, 2014. Lisboa, e o Estádio da Luz, assistiram a um jogo inesquecível. O Atlético Madrid disputou a segunda final da história e entrou nos descontos com a mão na taça. Já para lá dos noventa, Sergio Ramos empatou e levou a decisão para prolongamento. Nessa altura, Gareth Bale, Marcelo e Cristiano Ronaldo construíram um resultado gordo, numa das finais mais emocionantes de sempre. O Atlético começou a perder a segunda final da Champions como começara a perder a primeira, na altura frente ao Bayern Munique: com um golo nos descontos.