Real Madrid-Liverpool, aí está a final da Liga dos Campeões. O ultra-favorito bicampeão em título frente a uma equipa que veio desde o play-off para fazer uma campanha notável. Sofreu a única derrota na prova esta noite, frente a uma Roma que acreditou até ao fim em mais uma reviravolta mirabolante. Mas se é verdade que Jurgen Klopp leva os «reds» à sua primeira final em onze anos numa época em que estavam muito longe de ser favoritos, o facto é que esta é uma final de peso. Muito peso. E o Real Madrid enfrentará a última equipa que o venceu numa final da Taça dos Campeões Europeus.

A 26 de maio, quando se reencontrarem em Kiev, terão passado 37 anos menos um dia sobre essa decisão no Parque dos Príncipes. Era a terceira final do Liverpool, que tinha vencido em 1977 e 1978, e a nona do Real Madrid. Pentacampeão entre 1956 e 1960, vencedor em 1965 e com duas finais perdidas até aí, em 1962 frente ao Benfica e em 1964 com o Inter, o clube espanhol voltava à decisão pela primeira vez em 15 anos.

Foi um golo de Alan Kennedy a decidir, aos 82 minutos. Partiu de um lançamento, meteu pelo meio um pontapé na atmosfera do defesa García Cortéz e deu o terceiro título europeu ao Liverpool de Bob Paisley.

Passaram mais 17 anos até o Real Madrid voltar a uma . E a partir do triunfo em 1998, frente à Juventus tomou-lhe o gosto. Não voltou a falhar. Seis finais, seis vitórias, três nas últimas quatro temporadas.

Quanto ao Liverpool, voltou a ganhar em 1984, triunfo precisamente sobre a Roma na decisão, e perdeu a final com a Juventus na época seguinte, ambas com Joe Fagan no banco. Só voltaria a chegar à final 20 anos mais tarde. Com Rafa Benitez, na épica reviravolta de 2005 frente ao Milan, e dois anos mais tarde, para a vingança «rossonera».

Tudo somado, estarão em Kiev 17 Taças dos Campeões Europeus, a final que junta mais títulos de sempre.

Real Madrid e Liverpool só voltaram a defrontar-se por uma vez desde 1981 em jogos a eliminar. Foi nos oitavos de final da Champions 2008/09 e os «reds» seguiram em frente: ganharam por 1-0 no Bernabéu e por 4-0 em Anfield. Depois disso foram adversários na fase de grupos em 2014/15 e aí sim, o Real Madrid venceu ambos os jogos, 3-0 em Liverpool e 1-0 em casa.

Jurgen Klopp também eliminou o Real Madrid na sua caminhada com o Borussia Dortmund até à final da Liga dos Campeões de 2012/13. O póquer de Lewandowski na primeira mão, com um golo de Ronaldo a reduzir para o Real, lançou os alemães na meia-final. Tal como agora a Roma, o Real acabou na segunda mão a tentar a reviravolta, com golos de Benzema e Sergio Ramos nos últimos dez minutos, mas o 2-0 não chegou.

Na época seguinte, então para os quartos de final, foi o Real Madrid a levar a melhor sobre o Dortmund, ainda de Klopp, um 3-0 na primeira mão que o triunfo por 2-0 do Borussia em casa não chegou para anular. O Real arrancava para a vitória na final do Estádio da Luz frente ao At. Madrid, a Décima. Depois, com Zidane, venceria mais duas, 2016 e 2017. Agora está na rota para a 13ª, incrível.

A sexta final de Cristiano Ronaldo e Zidane à procura do terceiro título europeu como treinador, o peso estratosférico dos «merengues» frente ao entusiamo dos «reds» em busca de um sexto título para um clube que é de dimensão europeia, o clube que nunca foi campeão inglês na era Premier League mas tem nesse período duas finais e um título de campeão europeu.