Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, em declarações na sala de imprensa de Anfield, após a derrota por 2-0 frente ao Liverpool, nos quartos de final da Liga dos Campeões:

«Jogo difícil. Sabíamos e percebemos o potencial do Liverpool a nível individual e coletivo. Preparámos o jogo com uma estratégia um pouco diferente do habtiual. Era preciso controlar espaço no terço defensivo, para além dos jogadores. Penso que em muitos momentos correu bem. Entrámos bem no jogo. Sofremos um golo… bola prensada à entrada da área. Muita sorte. O 2-0 surgiu de um erro individual, estávamos em superioridade numérica na situação. A má abordagem fez com que acontecesse o 2-0. Depois criámos perigo. O 2-1 era o resultado mais justo ao intervalo.»

«Ao intervalo retificámos uma ou outra situação. Melhorámos um bocadinho o posicionamento, principalmente quando a bola chegava ao Salah e ao lateral-direito. Eles apanhavam o jogo de frente, aceleravam e eram perigosos. Numa ou outra saída, podíamos ter definido melhor e criar mais perigo.»

[Limitações da equipa]: «A equipa fez um esforço fantástico. O Marega passou o dia todo a vomitar, o Alex... sabem o problema que teve. O esforço dos jogadores é de louvar. Fomos uma equipa competitiva. Apenas o Bayern empatou aqui. O Liverpool é forte candidato a ganhar a Liga dos Campeões. Tentámos minimizar essas diferenças. Fizemos um jogo competente, tivemos uma ou outra situação e não marcámos. Era merecido. Daqui a uma semana vamos ter todo o prazer de receber o Liverpool. Faço um apelo aos adeptos para que compareçam, que criem um ambiente e uma atmosfera igual ao jogo com a Roma. Vamos deixar tudo em campo para minimizar esta diferença e passar.»

[Falta de referências na saída de bola e qual a possibilidade do FC Porto seguir em frente]:

«Vocês olham para os jogadores e pensam que o FC Porto vai jogar em 4x4x2. Depois começam a ver outra estrutura. Tínhamos referências na saída de bola. Não uma, mas três ou quatro. A agressividade que o Liverpool mete na reação à perda é muito forte. Qualquer equipa perante um Liverpool agressivo, com um reação extremamente forte e que torna o campo pequeno para quem ataca, é difícil.»

«O Marega fez três ou quatro diagonais como foi preparado. Os falsos laterais (Corona e Alex) davam profundidade. Não foi por falta de ousadia. Tem de se dar mérito ao Liverpool. No seu processo defensivo e recuperar a bola depois de perder, talvez seja a melhor equipa a explorar esse momento. Aproveitam o ganho da bola para contra-atacar. Era importante ser ousado, olhar para a baliza adversário e ter atenção ao equilíbrio defensivo. Vi muitos jogos do Liverpool. O Man. City equilibrava da mesma forma, o Tottenham também. Temos de olhar para os pontos fortes deles, anulá-los e procurar fazer golos.»

«Acredito [na passagem] e os jogadores também. Merecíamos ter feito golos hoje. Por uma ou outra razão não conseguimos. Se calhar porque definimos mal ou porque quem está a ver o lance decidiu de outra forma. Não quero entrar por aí, não falo de arbitragem até ao final da época. A vontade estava lá, as oportunidades também existiram.»

[Avaliação da prestação do Maxi]:

«Não vale a pena arranjar desculpas. Esta equipa dava garantias para controlar pontos fortes do Liverpool e para tentar marcar. O Maxi correspondeu da forma que pensei. Sei de alguma dificuldade, mas não é só o Maxi. Qualquer defesa que apanhe o Mané e Salah pela frente vai ter dificuldades. Tínhamos de perceber o que queríamos do jogo. Podíamos meter o Corona atrás e inibi-lo de aparecer na frente ou ter jogador experiente como o Maxi e ter Corona a explorar o corredor esquerdo. De resto, jogaram os que habitualmente jogam. O Óliver tem jogado muitas vezes. Falar das ausências seria desvalorizar o que os jogadores fizeram. Não estivemos perfeitos. O segundo golo, como já disse, nasce de um erro individual. Estou satisfeito com o comportamento em geral.»

[Que lhe passou pela cabeça quando o Liverpool marcou aos cinco minutos]:

«Manti-me cofniante na estratégia para o jogo. Os primeiros três minutos foram interessantes. O golo acontece. A bola podia não ir na baliza, mas foi. Nada a fazer. Tínhamos de nos manter fiéis no que foi a preparação para o jogo. Corrigimos algumas coisas ao intervalo. A bola estava a chegar com facilidade aos corredores laterais e tínhamos de ter atenção às infiltrações do Henderson. Melhorámos na segunda parte. Aceitámos ter um bocadinho menos bola e mais capacidade de trabalho. Com bola faltou-nos usufruir do jogo.»

«Acho que na primeira parte o lado direito teve mais problemas. Temos trabalho muitas vezes este sistema desde o início da época. O 3-4-3, o 5-4-1 depende dos jogadores e da dinâmica. Posso jogar com três defesas e sete jogadores com características ofensivas. Depende do que quiser para o jogo.»