Marcelo Rebelo de Sousa afirmou na sexta-feira à noite que é Portugal quem irá decidir sobre a presença de público na fase final da Liga dos Campeões.

«Se for uma situação que aconselha a que não haja público, não há público. Quer dizer, quem manda é o país onde se realiza», disse o Presidente da República aos jornalistas.

O chefe de Estado declarou não compreender as críticas à cerimónia realizada no Palácio de Belém, na quarta-feira, para assinalar a decisão da UEFA de escolher Lisboa para a fase final da Liga dos Campeões, em agosto, defendendo que «para a economia do país isso significa uma promoção que não tem preço».

«Quer dizer, se tivéssemos de fazer uma campanha internacional de turismo, custaria um balúrdio para ser equivalente ao efeito que aquilo tem. Outra coisa, como é evidente, são as regras sanitárias, que são para respeitar», acrescentou o Presidente da República, para quem, «se fosse hoje, era óbvio que não devia haver público» nos estádios.

Questionado se compreende as críticas à cerimónia de quarta-feira, em que discursaram também os presidentes da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e o primeiro-ministro, António Costa, o chefe de Estado respondeu: «Francamente, não percebo».

«As pessoas têm de perceber o seguinte: nós estamos a fazer o que podemos pela economia portuguesa», prosseguiu, argumentando que esta competição permitirá «encher não sei quantos hotéis de Lisboa», mesmo «só com as comitivas das equipas, sem público», e representará «uma promoção a milhões e milhões e milhões de espectadores, potenciais turistas de todo o mundo, num momento em que isso é disputado por toda a gente, o que a senhora Merkel gostaria de ter, o que os governantes espanhóis gostariam de ter».

Marcelo Rebelo de Sousa foi também interrogado sobre a afirmação do primeiro-ministro nessa cerimónia de quarta-feira de que a fase final da Liga dos Campeões em Lisboa «é também um prémio merecido aos profissionais de saúde», que demonstraram que Portugal tem um Serviço Nacional de Saúde (SNS) «robusto para responder a qualquer eventualidade», e deu o seu ponto de vista.

«Eu entendi assim: que não era possível obter isto, que começou a ser disputado em março e abril, e continuou em maio e junho, se não tem havido - e continua a haver, e continuará a haver - uma realidade fundamental, que é que são os profissionais de saúde que têm aguentado em primeira linha o combate à pandemia», expôs.

«Não há dúvida, são eles. Os triunfadores são os portugueses, mas dentro dos portugueses quem deu mais o corpo ao manifesto foram os profissionais de saúde. Isso é um facto», considerou.