Agora é para gente grande, nunca foi tão verdade. Estão aí os primeiros oitavos de final da Liga dos Campeões com acesso exclusivo a equipas das cinco maiores Ligas europeias, no pontapé de saída para as grandes decisões e com a fasquia lá no alto, depois da loucura que foi a fase a eliminar na época passada. Começa com o Liverpool no palco onde chegou ao topo em 2019 e com grandes duelos à vista. Também em circunstâncias bem diferentes, para várias equipas, das que se viviam em dezembro, no final da fase de grupos.

Houve mudanças de treinadores, uma janela de mercado pelo meio que viu um dos goleadores da Champions trocar de clube e muitas alterações de forma nas equipas entre meados de dezembro e fevereiro. Já sem equipas portuguesas em competição, a representação lusa fica entregue a um único treinador, José Mourinho, e a 11 jogadores, um contingente liderado mais uma vez por Cristiano Ronaldo e que tem como novidade Gedson Fernandes, que em janeiro trocou o Benfica pelo Tottenham.

Mourinho e Gedson, que até agora tem sido utilizado a partir do banco e foi titular uma vez pelo Tottenham, para a Taça, entram em campo já na quarta-feira, nuns oitavos de final que voltam a ser diferidos por quatro semanas diferentes e só vão terminar daqui por um mês, a 18 de março. Começando pelos quatro jogos desta semana, o Maisfutebol antecipa o que aí vem.

Terça-feira, 18 fevereiro

At. Madrid-Liverpool, 20h00

O campeão em título regressa ao Metropolitano, o palco da consagração em 2019, mais forte que nunca. Imparável na Premier League, tem vantagem tão confortável que pode dar-se ao luxo de colocar todo o foco na Champions, frente a um At. Madrid que não atinge os quartos de final da prova há três anos e esta temporada vem em queda livre: venceu apenas um dos últimos sete jogos e em cima da pobreza exibicional acumula uma série de problemas com lesões na frente. João Félix é um dos indisponíveis, enquanto Diego Costa estará recuperado.

Borussia Dortmund-PSG, 20h00

O PSG fez uma grande fase de grupos, terminou à frente do Real Madrid e continua sólido, também suficientemente tranquilo na Ligue 1 para poder concentrar atenções naquele que é o grande objetivo do seu projeto milionário e das suas estrelas, como Neymar e Mbappé, ele que já foi muito feliz frente aos alemães. Mas terá pela frente um Dortmund bem mais ameaçador do que na primeira metade da época, reforçado com o fenómeno da fase de grupos. O jovem prodígio norueguês Erling Haaland deixou em janeiro o eliminado Salzburgo e juntou-se à equipa de Raphael Guerreiro. Dizer que causou impacto imediato é pouco. Marcou nove golos em seis jogos, numa fase em que o Dortmund ganhou fôlego na Bundesliga, a quatro pontos de distância da liderança.

Quarta-feira, 19 fevereiro

Tottenham-Leipzig, 20h00

Um jogo que promete, desafio de alto risco para o Tottenham de José Mourinho. A fasquia está alta para o treinador português no banco do finalista vencido da época passada, um Tottenham que se tem distinguido pela irregularidade, mas chega aqui apoiado em três vitórias seguidas na Premier League. Do outro lado um Leipzig à procura da primeira presença de sempre nos quartos de final, uma equipa que perdeu gás em relação à primeira metade da época, quando saiu por cima do grupo do Benfica e estava na frente da Bundesliga, mas com argumentos para complicar a vida aos Spurs.

Atalanta-Valência, 20h00

A época de sonho da Atalanta, estreante na Liga dos Campeões, continua. A equipa chega aqui em recuperação, depois de um abaixamento de forma, apoiada num triunfo sobre a Roma que lhe vale o quarto lugar na Serie A. Começa por receber um Valência bem mais experiente e, ainda que irregular, capaz de crescer nos jogos grandes. O português Gonçalo Guedes regressa depois de lesão na equipa «che», onde está também o ex-sportinguista Thierry Correia.

Terça-feira, 25 fevereiro

Chelsea-Bayern Munique, 20h00

Oito vitórias em nove jogos, o registo do Bayern Munique desde o final da fase de grupos diz tudo sobre a forma como os bávaros reencontraram a estabilidade, depois de uma mudança no banco. Recuperaram a liderança da Bundesliga, sob o comando de Hansi Flick, treinador interino que passou a efetivo, mas essa é uma luta ainda em aberto. O Bayern, que procura a primeira presença na final da Champions desde 2013, tem duas frentes cruciais de competição e um duelo de alto nível nos oitavos, naquela que é a reedição da final da Liga dos Campeões de 2012, ganha pelo Chelsea. Ainda que os «Blues» de Frank Lampard estejam longe dos melhores dias.

Nápoles-Barcelona, 20h00

Duas equipas que mudaram de treinador desde dezembro e chegam aqui em contextos bem diferentes. Entre altos e baixos, o Nápoles agora orientado por Gennaro Gattuso é uma equipa que cresce nos jogos grandes e não há maior do que o duelo com o Barcelona. Ainda que seja um Barça em tempos conturbados, depois de um processo de mudança no banco que foi tudo menos linear, com sinais de instabilidade interna e lesões como as de Suárez e Dembelé a complicar o cenário. A maior pressão está obviamente do lado dos catalães, frente a um Nápoles que nunca chegou aos quartos de final da Champions.

Quarta-feira, 26 fevereiro

Real Madrid-Manchester City, 20h00

Que futuro para o Manchester City na Europa? A questão do momento, depois de o clube ter sido castigado com duas épocas de exclusão pela UEFA, a partir da próxima temporada, por violar os princípios do fair play financeiro. É impossível dissociar esse contexto do duelo com o Real Madrid, que seria sempre também um duelo de estatutos, entre o cube mais vencedor da história e um City que, mesmo com as injeções massivas de petrodólares, ainda não deu o salto de dimensão europeia que procura. Se nos focarmos apenas no jogo, também chega por cima o Real, que reencontrou a estabilidade nos últimos meses. Mas é grande a expectativa em torno da reação em campo do City de Guardiola, Bernardo Silva e Cancelo, que parece passar por uma crise de identidade mas tem aqui o grande desafio da época.

Lyon-Juventus, 20h00

À partida um dos duelos mais desequilibrados destes oitavos, ainda que a Juventus de Cristiano Ronaldo chegue aqui bem menos dominadora do que em épocas anteriores, antes de mais no plano interno, uma irregularidade amenizada com frequência precisamente pelo goleador português, a fazer um início de ano incrível, 12 golos em oito jogos seguidos a marcar. Depois de duas épocas seguidas a cair nos quartos de final, a Juventus, finalista vencida em 2017, volta a focar-se na Champions, frente a um Lyon que saiu vivo do grupo do Benfica mas está bem longe da dimensão que alcançou há uns anos.