Depois da derrota em Anfield na estreia, o Paris Saint-Germain redimiu-se esta quarta-feira, no Parque dos Príncipes, com uma frente de ataque avassaladora que descompôs o Estrela Vermelha em três tempos com meia dúzia de golos, numa partida que contou com arbitragem portuguesa, sob o comando de Artur Soares Dias. Um festival de golos e oportunidades perdidas protagonizado por Mbappé, Neymar, Di María e Cavani. O brasileiro marcou mesmo um «hat-trick», com destaque para dois livres perfeitos que tornam o avançado no melhor marcador brasileiro da história da Champions.

No papel já dava para perceber que Thomas Tuchel ia apresentar um onze de cariz ofensivo, mas foi já no relvado que vimos toda aquela fantasia em ação. O treinador do Estrela Vermelha, Vladan Milojević, precavido para o que aí vinha, promoveu sete alterações em relação ao último jogo da liga sérvia, procurando montar um onze mais fresco, em duas linhas bem delineadas no terreno para tentar travar as sucessivas ondas de ataque dos parisienses.

Rabiot e Verrati jogaram mais fixos no terreno, a recuperar bolas atrás de bolas, mas daí para a frente era fantasia pura, com um futebol executado a uma velocidade estonteante, com Mbappé e Di María sobre as alas e Neymar, a jogar como número dez, nas costas de Cavani.

As diferenças em campo, assente desde logo no valor teórico dos dois planteis, ficou bem patente em poucos minutos de jogo. O PSG, avaliado em 820 milhões de euros, diante de um Estrela Vermelha com um valor estimado em apenas 44 milhões. Mas era bem mais do que isso. O primeiro remate do jogo até foi dos visitantes, com Causic a atirar de muito longe ppr cima da trave, mas logo a seguir veio o vendaval, apenas interrompido pelo intervalo, já com quatro bolas nas redes de Borjan mais uma série de defesa espetaculares do guarda-redes canadiano.

Já depois de ameaças claras de Neymar e Mbappé, o brasileiro abriu o marcador, aos 19 minutos, na sequência de um livre direto, fazendo a bola sobrevoar a barreira antes de entrar ao angulo. Três minutos volvidos, novo golo de Neymar. Recuperação de Rabiot, arrancada de Neymar, combinação com Mbappé que devolve ao brasileiro que finaliza já no interior da área. O PSG tinha entrado no ritmo certo e o Estrela Vermelha não tinha mãos, nem pernas para deter o adversário. Apenas Borjan, entre os postes, ia evitando o descalabro total, com destaque para uma defesa a uma cabeçada de Cavani.

Só dava PSG e Cavani também acabou por fazer o gosto ao pé, aos 37 minutos, num lance individual em que ganhou ressalto atrás de ressalto e contou ainda com um desvio traiçoeiro no corpo de Degenek para voltar a bater Borjan.  Além do carrocel do quarteto da frente, os laterais também subiam com frequência pelas alas. Num desses lances, Thomas Meunier subiu pela direita, cruzou de trivela e Di María fez o 4-0. Tudo demasiado fácil. O intervalo chegou num ápice com Neymar a dar espetáculo em plena área do Estrela Vermelha.

O furacão prosseguiu na segunda parte, com o PSG, com uma posse de bola a rondar os oitenta por cento, a chegar num instante aos dezasseis remates, com oito defesas de Borjan a adiar um resultado ainda mais dilatado.

A verdade é que o resultado estava feito ao intervalo e a equipa sérvia continuava sem dar sinais de reação. O jogo perdeu, assim, velocidade, com o PSG a levantar o pé, sem nunca perder o controlo total do jogo e, a espaços, procurando elevar a nota artística. O Estrela até teve as primeiras oportunidades para testar Areola, mas era Borjan que continuava a ser a grande figura desta partida.

Do quarteto da frente faltava apenas marcar Mbappé, mas o campeão do Mundo também acabou por marcar, aos 69 minutos, num lance desenhado por Neymar. Jogada de insistência do PSG, com Neymar a picar uma bola à entrada da área para a entrada de Bernat que amorteceu para o remate certeiro de Mbappé.

Estava tudo mais do que decidido, mas os visitantes ainda fizeram questão de deixar asua marca na ficha de jogo. Ebicilio, que tinha acabado de entrar, na primeira vez que tocou na bola, aos 74 minutos, lançou Marko Marin por entre os centrais sérvios e o alemão marcou.

Ainda faltavam quinze minutos para o final, portanto, ainda havia muito tempo para, por exemplo, Neymar completar o seu hat-trick. Novo livre frontal, aos 81 minutos, este ainda mais longe do que o primeiro, mas o brasileiro voltou a enfiar a bola no buraco, com uma execução impressionante que deixou Borjan pregado ao chão. O guarda-redes limitou-se a encolher os ombros, como quem pergunta aos companheiros “o que o que podia fazer?”.

Um golo especial para Neymar que, com este terceiro golo, chegou aos 30 e igualou o compatriota Kaká como o melhor marcador brasileiro da liga dos Campeões.

Resumindo: vendaval parisiense a expor no relvado a diferença abismal do valor que separa estes os dois emblemas.