E agora sim, a doce vitória. O FC Porto venceu esta noite o Milan e igualou o Atlético de Madrid com quatro pontos, posicionando-se para discutir o segundo lugar do grupo B da Liga dos Campeões.

Numa noite europeia de emoções no Dragão, o FC Porto esqueceu o trauma com o Liverpool e voltou ao seu modo guerreiro, como nos grandes momentos em que se transcende na Champions e dominou os rossoneri.

Este não é o Milan de Van Basten, Gullit e Rijkaard, tampouco o de Weah e Maldini ou o de Shevchenko, Pirlo, Kaká e Rui Costa. Sendo uma boa equipa, este é o adversário mais acessível do FC Porto no «grupo da morte». Sobretudo jogando em casa e com oito baixas – o que levou Pioli a apresentar seis jogadores de campo no banco, menos cinco do que o FC Porto tinha disponíveis.

Não havia, entre outros, Kessié, castigado, Rebic e Florenzi, lesionados, ou Brahim Díaz e Theo Hernández, infetados com covid.

Este era, pois, um Milan à mercê de um FC Porto que joga com o público e se agiganta. E assim foi nos primeiros 45 minutos. Luis Díaz acertou no poste logo aos 5m e a partir daí foi um festival de desperdício de Taremi. Uma mão cheia de vezes o iraniano esteve em posição de fazer golo, e invariavelmente a bola não acabou no fundo das redes.

Penalizador para o FC Porto, que haveria de chegar ao intervalo com 11 remates contra um dos italianos.

O 4-4-2 portista, com Otávio a subir muitas vezes para fazer pressão alta, só era colocado verdadeiramente à prova quando a equipa milanesa conseguia combinar dois ou três passes seguidos no corredor central e encontrar espaço para desequilibrar nas transições ofensivas. Aí, quando Rafael Leão tocava na bola, soavam os alarmes. O português foi titular e, sobre a esquerda, era a arma mais imprevisível deste Milan.

Sérgio Oliveira e Uribe cobriram um raio enorme no miolo portista, apesar de ambos terem saído amarelados para o intervalo. Uma fragilidade que não abalou Conceição, que manteve a confiança em ambos para a segunda parte, convicto de que ambos manteriam o controlo e não cometeriam um erro fatal numa zona nevrálgica. Para o segundo tempo não voltaria Wendell, queixoso, que foi substituído por Zaidu.

Se o FC Porto acabou o primeiro tempo com um tiro de Otávio a esbarrar no muro milanês, começaria da mesma forma o segundo.

Tornava-se exasperante o desperdício. Até que aos 65m, um persa estendeu o tapete para Díaz cobrir a noite de azul. Tudo isto após uma excelente jogada de João Mário sobre a direita e uma carga de Taremi sobre Bennacer, com Felix Byrch a mandar seguir como noutros lances.

A vencer, Conceição mexeu para ganhar controlo do jogo. Evanilson (terceira titularidade consecutiva) e o admoestado Sérgio Oliveira saíram para entrarem Corona e Vitinha, que guardam a bola como um tesouro.

O sinal estava dado. A partir daí, o Milan que arriscasse, que jogasse à apanhada atrás da bola e corresse tanto quanto quisesse em busca de um prémio que não merecia (19-4 em remates, 7-1 em cantos, apesar do equilíbrio na posse de bola, no final).

Não houve macaquinho do chinês, nem berlinde. Não houve execuções com contornos «gore» à moda da série da moda «Squid Game». Houve, sim, um pote milionário sobre as cabeças (a vitória de hoje vale 2,7 milhões) e um trunfo arrancado a ferros para o que vem aí do «grupo da morte», onde só o Liverpool (nove pontos em três jogos) parece estar a salvo.

Dentro de duas semanas, round 2, em San Siro. Novo jogo, aí, com uma possível condenação. Para Itália o dragão levará uma espada pronta a apontar ao pescoço do Milan.