Em casa mandam eles, não há Imperador, são todos eles os que mais ordenam, ou não fossem eles liderados por um Zorro, de capa e mascarilha.

Não há conquistador que lhes invada a terra e saia sem luta, poucas vezes até vitorioso. Mesmo que essa terra não lhes pertença, são eles os guardiões do futebol consignados.

O Shakhtar Donetsk confirmou a tendência nesta edição da Liga dos Campeões e voltou a somar um novo triunfo em «casa» (2-1).

FILME DO JOGO

Os romanos foram a Kharkiv à procura de conquistar um resultado que lhes permitisse discutir a passagem na capital italiana, cientes de que a equipa de Paulo Fonseca já tinha deixado pelo caminho o Nápoles, líder do seu campeonato.

Eusebio di Francesco estudou bem a lição e, após susterem o ímpeto da equipa da casa nos instantes iniciais, os romanos assumiram as rédeas do encontro e criaram um par de boas ocasiões para marcar, ainda que fosse notória a preferência por um jogo mais seguro.

A primeira parte foi mais tática, pragmática, porém mais bem conseguida da parte dos visitantes, que chegaram ao golo já perto do descanso.

Ünder, jogador-sensação que Monchi pescou no Basaksehir, abriu a contagem aos 41 minutos, na conclusão de uma boa jogada de ataque, dando uma vantagem que se aceitava, até então.

O outro Império contra-ataca (atenção ao copyright)

A segunda parte, porém, trouxe ao de cima a verdadeira valia do conjunto ucraniano.

Pareceu outro jogo. Absolutamente sufocante! Não há forma de o descrever senão com recurso a esse adjetivo. Exibição de classe da equipa de Paulo Fonseca, que encostou a Roma às cordas e estabeleceu a reviravolta.

Bolas rasgadas para as costas da defesa transalpina, velocidade dos homens mais avançados e muitas, muitas dores de cabeça para a defesa romana. O primeiro golo partiu de um passe do central Rakitskyi, imagine-se, com Facundo Ferreyra a fazer gato-sapato de Manolas e a chutar para o fundo das redes.

O tento aos 52 minutos deixou de imediato a sensação de que os ucranianos iriam completar a cambalhota, algo que veio mesmo a acontecer.

Após vinte minutos de novo sufoco, Fred colocou justiça no marcador, na sequência de um livre marcado de forma exímia. Após tanto tentarem, os mineiros rebeldes chegaram ao golo, levando as bancadas à loucura.

O terceiro até esteve a uma unha-negra de acontecer, literalmente. Bruno Peres substituiu um também inspirado Alisson (abono de família) e cortou em cima da linha um golo já cantado pelos adeptos.

Percurso imaculado do Shakhtar como visitado na Champions. A equipa de Paulo Fonseca terá agora de segurar a vantagem mínima no sempre difícil Olímpico de Roma, para assegurar a passagem aos quartos de final da liga milionária.

Venham de armas, tochas ou forquilhas. No Leste manda o Zorro e o seu bando e ainda ninguém saiu de lá triunfante nesta Champions.