A superioridade e maior qualidade de jogo de Espanha foi contrariada pelo trunfo Ricardo Horta e Portugal somou, em Sevilha, no Benito Villamarín, um empate que mantém em total equilíbrio as contas ao fim da primeira jornada na Liga das Nações, na deslocação ao adversário teoricamente mais exigente do grupo.

Quase oito anos depois e a oito minutos dos 90, o avançado do Sporting de Braga precisou de dez minutos em campo para estrear-se a marcar pela seleção à sua segunda internacionalização e definir um resultado que acaba por ser tão precioso quanto simpático para os comandados de Fernando Santos.

Justifique-se: precioso, pela valia do adversário. E simpático, porque a Espanha foi, globalmente, a melhor equipa em campo. Teve mais equipa, mais critério com bola, paciência e inteligência a procurar espaços entre a linha defensiva e a média de Portugal, além de ter sido responsável e agressiva na recuperação pós-perda. Teve, de Gavi a Sarabia, passando por Morata, homens diferenciados no terço ofensivo.

Com Ronaldo a começar no banco pela primeira vez quase ao fim de cinco anos num jogo da seleção, Portugal esteve, coletivamente, na primeira parte, abaixo da Espanha. A equipa das quinas denotou alguma dependência de rasgos individuais, com Rafael Leão, na primeira titularidade pela seleção, a mostrar vontade, mas alguma falta de definição. Ainda conseguiu assinar o lance mais perigoso da equipa, mas o remate aos 18 minutos, a passe de Raphaël Guerrero, passou por cima.

No outro corredor, Otávio, que na missão defensiva fechava à direita num 4x4x2, conseguiu alguns bons lances, como foi exemplo a jogada em que serviu André Silva para um remate pouco ao lado (35m). Mas pouco mais de substancial se viu do primeiro vencedor da Liga das Nações.

Do outro lado, uma Espanha mais equipa. Com mais bola, mais passes, mais remates e paciente para tentar ferir Portugal. É certo que nem sempre os dados estatísticos refletem tudo, mas Espanha chegou adequadamente em vantagem ao intervalo.

O perigo de La Roja começou aos três minutos, num lance em que Gavi viu Pepe assinar um corte decisivo. O golo aconteceu ao minuto 25, num lance em que tudo correu mal a Portugal, por culpa própria e com mérito espanhol. Gavi resgatou a bola, colocou na hora certa para Sarabia e este na mesma medida para Morata bater Diogo Costa. Esteve mal Cancelo a tentar um toque hábil no início do lance, Bruno Fernandes não conseguiu matar a jogada, Danilo não orientou da melhor forma os apoios e 1-0 no marcador.

Rúben Neves entrou para a segunda parte e, até à hora de jogo, Portugal teve dos melhores períodos, com Leão a ter a melhor ocasião ao minuto 59, negada por Unai Simón. A seguir, Fernando Santos trocou Otávio e André Silva por Guedes e Ronaldo, mas o sangue novo na equipa não teve seguimento ofensivo. Espanha, ainda que menos perigosa junto da baliza, estava melhor. Saía fácil para a frente. Não raras vezes chamou a pressão de Portugal, soltando depois rápido com um/dois passes para Gavi, Ferran Torres ou Sarabia.

Foi na penúltima ficha que Santos teve aposta ganha, com Ricardo Horta, que rendeu Leão, a assinar o 1-1 a cruzamento de Cancelo, num jogo que ainda podia ter caído para o lado espanhol, não fosse Alba ter falhado uma cabeçada para golo certa na cara de Diogo Costa. Aliás, a reação final espanhola foi mais um exemplo de quem foi mais equipa. A República Checa venceu a Suíça e acaba a jornada inaugural na liderança.