A FIGURA: Morata

«Os nossos avançados não ficam parados à espera da bola enquanto fumam um cigarrinho.» Disse Luis Enrique na antevisão do duelo ibérico, como que em sinal de alerta para o que aí vinha. Morata, muitas vezes patinho feio por falhar golos cantados ou cair em demasia nas malhas do fora de jogo, voltou a ser decisivo e reduziu a cinzas a esperança portuguesa. Trabalhou incansavelmente e mereceu o prémio de fazer o golo da vitória. O 27.º golo ao serviço da seleção espanhola. O avançado do At. Madrid, tantas vezes perdulário, compensa as debilidades com uma enorme dose de trabalho. Sem pausas para um cigarrinho.

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O MOMENTO: minuto 88, o golo que gelou a Pedreira

Quem viu o jogo sentia que a dado momento podia surgir o golpe que gelou a Pedreira. Assim foi, aos 88 minutos, quando um cruzamento de Carvajal encontrou Nico Williams, que serviu Morata para um golo que premiou a equipa mais arrojada em campo.

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OUTROS DESTAQUES:

João Cancelo e Nuno Mendes

Não é favor algum colocar ambos entre os melhores laterais da atualidade. Cancelo e Nuno Mendes são laterais que entusiasmam a atacar e que mostram qualidade a defender, disputando cada lance. Esta noite, o lateral do Manchester City teve um final de jogo infeliz, ao ser batido por Nico Williams no lance do golo espanhol.  

Diogo Jota

Endiabrado sobre a esquerda, o avançado do Liverpool é cada vez mais uma referência ofensiva da Seleção. Jota divide cada lance, não dá uma bola por perdida e mostra qualidade em todos os aspetos: da receção ao remate. Esta noite, saiu aos 78 minutos de jogo. Mais tarde, Fernando Santos justificou a substituição com queixas do próprio jogador.

Cristiano Ronaldo

«Vão ter de levar com mais um bocadinho de carga do Cris», prometeu Cristiano Ronaldo há uma semana, antevendo sua presença nas fases finais do Mundial deste ano e do Euro 2024. Na verdade, esta noite, faltou «carga ao Cris». As pilhas não duram sempre, mesmo para o melhor jogador português de todos os tempos. Ronaldo não está neste momento na sua melhor forma e nesse sentido é questionável a sua presença em campo durante os 90 minutos.

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Rodri

A médio defensivo ou a defesa central, o jogador do Manchester City é fundamental para a manobra da equipa de Luis Enrique. Na segunda parte, baixou para o eixo da defesa com a entrada de Sergio Busquets ao intervalo para o lugar de Hugo Guillamón. Nas duas funções esteve irrepreensível.

Pedri e Gavi

Os prodígios do Barça entraram para o meio-campo e a Espanha passou a dominar a zona intermediária do meio do segundo tempo em diante. Coincidência? Nem por isso. Pedri e Gavi sabem guardar a bola e enervar o adversário, sabem ler o jogo como poucos e rompem linhas com um passe. Um pouco como Vitinha do lado luso, que, por sua vez, entrou demasiado tarde.