Nem um grande Ajax consegue travar o todo-poderoso tricampeão europeu.

Mesmo quando não brilha, ou sequer joga de branco, o Real Madrid reluz imune à mácula que pode atingir os comuns mortais.

Esta noite, em Amesterdão, o Ajax encantou em largos períodos, mas foram os espanhóis a marcar e a levaram para casa uma preciosa vantagem para a segunda mão.

2-1: triunfo dos pragmáticos sobre os idealistas.

Os holandeses começaram, porém, bem embalados. Momentos antes do jogo, André Rieu tocou violino no relvado. E assim que soou o apito inicial, o Ajax foi puro heavy metal.

Neres, Tadic e Ziyech eram um tridente demoníaco na frente de ataque, que colocou os cabelos em pé à defesa do Real Madrid.

O futebol apoiado do Ajax, com o futuro barcelonista Frenkie de Jong a pegar na batuta. O golo só não surgiu porque Tadic esbarrou no poste, aos 26’, e porque, com ajuda do VAR, o árbitro lhe descobriu uma falta aos 38’, no lance em que Tagliafico introduziu a bola na baliza merengue.

Se Vinícius Júnior foi apenas autor das reações esporádicas do Real na primeira parte, na segunda coube-lhe o papel de protagonista. Com uma hora de jogo o prodígio brasileiro, que nem sequer ainda tirou a carta, resolveu pegar na moto e acelerou sobre a esquerda: deixou dois adversários para trás e serviu Benzema, que contra a corrente pôs o Real em vantagem.

Em boa verdade diga-se: Júnior abriu o caminho para travar os miúdos do Ajax.

O reggae de «Three Little Birds», o tema de Bob Marley que soou na Arena de Amesterdão ao intervalo, parece ter adormecido o Ajax, que perdeu fôlego no segundo tempo.

Ainda assim, reagiram os holandeses a um quarto de hora do final, com Ziyech a empatar. O duro choque com a realidade chegaria já quase em cima dos 90, com Asensio e recolocar o campeão europeu em vantagem, após boa aceleração de Carvajal sobre a direita.

Sergio Ramos – excelente exibição no jogo 600 pelos blancos – até teve tempo de limpar o «cadastro» e ver um cartão que o deixa fora da segunda mão, antes do apito final de uma partida que terminou com Courtois a evitar o golo do empate a Dolberg.

Num jogo com tradição, entre duas equipas com estatuto europeu (os merengues têm 13 Taças/Ligas dos Campeões, os holandeses conquistaram quatro), os tricampeões tornaram mais fácil a sua tarefa para a decisão, a 5 de março, no Santiago Bernabéu.

Ainda assim, sublinhe-se: o Ajax pratica um futebol que honra a sua história. O problema é que pela frente teve um Real Madrid que voltou a cumprir o seu desígnio: vencer.