Uma época depois da campanha notável na Liga dos Campeões e do investimento considerável para defender o campeonato reconquistado e, quem sabe, dar um passo em frente na Europa, o Benfica está com um pé fora da Champions.
Nesta terça-feira, os encarnados sofreram a terceira derrota em três jogos da fase de grupos e estão agora a sete pontos de um utópico apuramento para os oitavos de final.
A derrota com a Real Sociedad não foi apenas o reflexo de uma péssima noite da equipa de Roger Schmidt. Foi o espelho do que os encarnados têm sido em 2023/24 diante das melhores equipas que têm defrontado. De uma equipa em notória crise existencial e na qual os onze em campo até podem ser uma soma das partes, mas, chegados ao final de outubro, estão a léguas do todo que foi a equipa vibrante de 2022/23.
Nesta terça-feira, Ángel Di María ficou de fora, mas ao Benfica faltou muito mais do que o génio do seu melhor intérprete. Faltou, bem vistas as coisas, quase tudo o que tem de estar presente numa equipa que ambicione ter sucesso.
O conjunto espanhol foi dono da bola durante quase todo o jogo. Circulou-a como quis, muitas vezes sem qualquer pressão dos jogadores encarnados, que quando a tiveram sentiram-na como se fosse um corpo estranho.
Tirando uma ou outra ação ofensiva, a primeira parte das águias foi penosa. Foram raras as chegadas à área contrária e foram muitas, demasiadas, as perdas de bola primárias.
Soberana, a Real Sociedad jogava na Luz como se estivesse no conforto do seu lar em San Sebastián, dando ao jogo a velocidade que ele pedia nos momentos certos. Zubimendi, Brais Méndez e Merino engoliram o meio-campo do Benfica e Kubo fez a cabeça em água a Jurásek e Otamendi sobre a direita.
Depois de tantos equívocos em campo na primeira parte, Schmidt mexeu nas peças logo ao intervalo. João Mário e Musa não regressaram e Kökcü e Arthur Cabral saltaram para o jogo, mas também na escolha deles Schmidt errou.
A segunda parte continuou a ser uma réplica da primeira e foi sem surpresa que a Luz viu o 1-0 da Real Sociedad: obra de Brais Méndez ao minuto 63, pouco antes de Kubo acertar na barra em mais um momento de magia do nipónico e de negligência das águias.
Com muitas unidades em sub-rendimento, algumas delas a exibirem-se como se tivessem, estranhamente, o peso de uma época nas pernas, o Benfica só melhorou nos minutos finais.
Mais pela vontade de evitar nova derrota, pouco pela (caótica) organização de uma equipa repleta de talento, mas que tarda em fazer cumprir todo o potencial que lhe é reconhecido, mas que parece ainda não ter um rumo definido ao quarto mês de época.
Dá, pelo menos, que pensar.