E vão 12 as vitórias consecutivas de um Dragão voraz e sem ponta de complacência para com as vítimas.

Os azuis e brancos fecharam o Grupo D da Liga dos Campeões com cinco vitórias consecutivas (um recorde do FC Porto na era Champions) e 16 pontos, igualando o registo de 1996/97.

E nessa terça-feira, no inferno de Istambul, Sérgio Conceição nem precisou de recorrer à totalidade da artilharia pesada. Deixou em Portugal Éder Militão e Otávio; Brahimi e Óliver no banco. Ao todo foram seis as mexidas implementadas relativamente à receção ao Portimonense na passada sexta-feira.

O dragão sofreu e fez das tripas coração para sair de Istambul com os três pontos, mas ele, o dragão, também é isto: eficácia e confiança. Da cabeça aos pés, independentemente da roupagem que lhe seja dada.

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Pela frente, um Galatasaray que chegava à última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões ainda sem destino traçado: a Liga Europa era o escape pelo qual lutavam os homens orientados pelo experiente Fatih Terim.

A equipa da casa entrou autoritária e sujeitou o FC Porto a uma pressão asfixiante que se prolongou até ao momento em que os dragões encontraram a punição adequada para estancar o atrevimento dos anfitriões.

Entre o décimo minuto de jogo e a cabeçada de Felipe (17m) na sequência de um livre batido por Alex Telles, foram três as ações de perigo do Galatasaray. A primeira delas foi congelada por um fora de jogo assinalado tardiamente e seguiram-se mais duas tentativas: Garry Rodrigues, perigoso desde o corredor esquerdo, e Derdiyok, quase sempre no sítio certo mas tendencialmente sem a mira afinada.

O golo do FC Porto, numa altura em que a equipa da casa fazia mais por justificá-lo, deu saúde ao conjunto de Sérgio Conceição e pareceu empurrar o Gala para um estado de letargia que só a espaços era quebrado. Eram, aliás, os azuis e brancos quem se revelavam mais perigosos, com a profundidade de Marega, sozinho no eixo do ataque, a ser constantemente procurada pelos médios.

A reta final da primeira parte abriria o apetite para o que viria a ser a etapa complementar: uma corrida a alta velocidade com competidores a ameaçarem despistar-se a qualquer instante.

Marega fez o 2-0 de penálti depois de o árbitro considerar que Hernâni foi rasteirado por Mariano na área turca e, em cima do descanso, Feghouli reduziu também da marca dos onze metros, após um lance e que Felipe foi punido por alegado derrube a Garry Rodrigues.

O Galatasaray regressou dos relvados com mais peso no ataque. Onyekuru rendeu Donk e as melhorias na equipa da casa foram notórias.

A par disso, tornou-se também óbvio que os homens de Fatih Terim estavam defensivamente mais expostos do que nunca. Depois de Onyekuru falhar uma soberana ocasião, Sérgio Oliveira atirou para o terceiro dos dragões aos 57 minutos.

Mais desconcentrado nas ações defensivas e menos autoritário do que na primeira parte, sobretudo após o golo inaugural de Felipe, o FC Porto continuou a ser empurrado para trás. Já depois de ter desperdiçado uma oportunidade flagrante, Derdiyok acertou finalmente nas redes de Casillas ao minuto 65.

Galvanizado pela redução da margem de segurança dos visitantes, o Galatasaray ficou a centímetros do empate. No minuto seguinte ao golo de Derdiyok, Garry Rodrigues foi derrubado por Maxi Pereira na área azul e branca, mas Feghouli acertou na trave da marca dos onze metros.

Nos últimos 20 minutos viu-se um FC Porto diferente. Jorge, primeiro, e Chidozie, depois, foram lançados em campo numa altura em que os dragões pareciam em pré-falência e faziam das tripas coração para resistir às ofensivas do Galatasaray. E há que dizê-lo: mesmo forçada a abdicar do ADN que a caracteriza, a equipa de Sérgio Conceição baixou a temperatura do jogo.

Escrever que o FC Porto está nos oitavos de final da Liga dos Campeões e na condição de primeiro do Grupo D já não é notícia, mas a forma como o fez é digna de repetidos registos: 16 pontos e cinco vitórias consecutivas. Ninguém pode fazer melhor nesta Liga dos Campeões e, senhoras e senhores, isto quererá dizer alguma coisa.

Estará este dragão talhado para grandes voos? A resposta surgirá dentro de dois meses.