A pedreira tremeu, foi preciso esperar pelo último suspiro do prolongamento, mas o Sp. Braga carimbou o acesso ao play-off de acesso à fase de grupos da Liga Europa. Eliminatória intensa, com diferentes estados de espírito e uma reação aguerrida dos minhotos a ser preponderante para camuflar uma primeira parte desastrada que quase hipotecou a aventura europeia dos Guerreiros.

Valeu Raúl Silva e um momento épico no derradeiro lance do encontro a desatar o nó que parecia ter solução à vista apenas nas grandes penalidades. No final o tremor da emoção e do grito da Pedreira foi maior do que o da desafinação de uma primeira parte em que os minhotos nunca atingiram o tom certo.

Uma fífia do guarda-redes do AIK foi determinante para resgatar a equipa de Abel Ferreira numa altura em que o cenário não era nada favorável. Os suecos anularam cedo a desvantagem conseguida em Estocolmo pelo Sp. Braga e aproveitaram o desnorte da equipa portuguesa para se agigantarem. Apenas tombaram no final, apesar da falta visível de atributos técnicos.

Novidade faz suecos entrarem a vencer

O encontro começou com o jogo da 1ª mão a pesar na abordagem de ambas as equipas. Em desvantagem, a equipa escandinava entrou mais forte, assertiva com a bola e a bloquear os espaços à equipa lusa.

Domínio sueco, com o sistema tático diferenciado (3x5x2) a contribuir para o domínio da equipa orientada por Riikard Norlin, tendo mais bola em zonas recuadas, convidando o Sp. Braga a abrir brechas para depois lançar a rapidez dos dois da frente, Goitom e Obasi.

Intranquilo com a sensação de estar em vantagem, mas ao mesmo tempo de querer mostrar serviço, o Sp. Braga perdeu a vantagem logo aos treze minutos. Perda de bola em zona proibida, lançamento para Obasi ganhar terreno nas costas de Rosic e com simplicidade o AIK a entrar na discussão da eliminatória.

Guerreiros desencontrados

Seguiu-se uma fase de desnorte total do conjunto bracarense. Acusou em demasia o golo, sentiu a eliminatória a escapar-se-lhe das mãos.

Vítima do facto de ter de disputar um jogo decisivo numa fase prematura da época, em contraste com o conjunto nórdico, que fez esta noite o 23ª jogo oficial da época, os minhotos sofreram na pele a falta de entrosamento de uma equipa que apresentou cinco caras novas no onze.

Foi, por isso, um Sp. Braga preso de movimentos aquele que se estreou na pedreira, visivelmente sem ritmo e numa fase de construção, a colocar-se em posição de ser manietado por um AIK bastante mais oleado.

Fífia resgata bracarenses em crescendo

Na segunda metade os bracarenses transfiguraram-se. Correram atrás do prejuízo, tiveram a serenidade que faltou após o golo sofrido e, de forma inequívoca, encostaram o AIK ao seu reduto mais recuado.

Hassan teve nos pés a primeira grande oportunidade para o Sp. Braga aos 57 minutos. Lançado por Fransérgio, o egípcio apareceu isolado na cara de Linnér, tentou imitar Obasi, mas desviou em demasia do guarda-redes, acabando por atirar ao lado quando estava isolado.

Com a pedreira em ebulição face ao crescimento evidenciado pela equipa de Abel Ferreira, o golo que se adivinhava do Sp. Braga chegou a meias com uma fífia descomunal do guarda-redes Linnér, que deixou escapar uma bola fácil para Rui Fonte lançar a cambalhota arsenalista.

Esfumou-se a diferença de ritmos, o maior andamento dos nórdico e pertenceram ao Sp. Braga as melhores oportunidades na reta final do encontro e pelo prolongamento dentro. Rui Fonte teve o segundo golo nos pés e na cabeça, falhou duas oportunidades flagrantes e foi preciso chamar o homem das bolas paradas para resolver no último fôlego.

Épico. Último momento do jogo, canto a favor do Sp. Braga e Raúl Silva a pintar com letras douradas a primeira história da temporada 2017/2018 dos minhotos. A primeira parte arrancou assobios, mas a reação fez o estádio eclodir. Com dificuldade o Sp. Braga está no play-off.