Não chegou. O Rio Ave foi afastado pelo Slavia de Praga na terceira eliminatória da Liga Europa com um empate 1-1, em que pagou por erros próprios e que, apesar de uma grande segunda parte, não conseguiu colmatar.

O 0-0 da primeira mão era uma tela em branco e a pintura que surgiu teve de tudo: momentos de sonho, de tristeza, e até um borrão. A pintura acabou por não ser a que o Rio Ave queria expor nesta eliminatória, mas foi feita de emoção até ao final.

O Rio Ave entrou melhor, ia controlando a bola, mas sem ter o controlo absoluto do jogo e com o perigo a espeitar amiúde. Algumas incursões tímidas dos homens de Vila do Conde no ataque, com os laterais a subirem bem, sobretudo Eliseu Cassamá na direita, e Yazalde, que quando agarrava a bola se tornava uma lapa, a subir até onde podia, mas sempre com uma defesa atenta e forte pela frente.

E se a defesa do Slavia era forte, o que dizer do meio campo. Fisicamente mais fortes, e mais altos, os jogadores checos não se faziam rogados em usar essa diferença de estatura para ganhar duelos.

E é num desses duelos que nasce o lance que viria a dar o golo do Slavia. A defesa do Rio Ave estava a queixar-se de falta num lance com Van Kessel, que o árbitro não assinalou. Enquanto isso, os checos continuaram a jogar. Fizeram recuar o jogo e apostaram no ponto forte: passes em profundidade e o movimento dos médios vindos de trás. Neste caso, Husbauer, que chegou até perto do limite da área e rematou forte e colocado para o fundo da baliza de Cássio.

O jogo mudou depois do golo. A equipa checa tornou-se ainda mais cautelosa, a tentar não sofrer o golo, e a criar uma muralha cada vez que perdia a bola. Toda a formação do Slavia recuava e tornava-se muito difícil aos rioavistas chegar à bola.

Além disso, a diferença de estatura parecia notar-se mais. Yazalde, que saiu ao intervalo talvez em consequência disso, foi o mais massacrado com o ímpeto dos defesas. O Rio Ave ia tentando mais de longe, com Rúben Ribeiro a atirar por cima, ou de bola parada, mas havia sempre alguém a saltar mais alto.

E a tarefa dos homens da casa viria a complicar mais ainda antes do tão ansiado intervalo, com a expulsão de Eliseu Cassamá. O lateral luso-guineense da formação do Benfica já tinha um amarelo, o árbitro já o tinha avisado noutra ocasião de que não perdoaria o próximo, e assim foi. Uma entrada por trás, na zona do meio campo, valeu-lhe o segundo amarelo e a equipa foi para o intervalo com a missão de dar a volta ao resultado com um jogador a menos. Um tiro no pé, escusado, para quem já tinha uma missão difícil.

E se se notava, em alguns lances, alguma falta de maturidade, na segunda parte, tudo mudou graças ao capitão Tarantini. Acabado de regressar de uma lesão, o que o terá tirado do onze, entrou e abanou o jogo. O Rio Ave conseguiu então dominar a crítica área do meio campo. Em vários momentos, nem se notava que os vila-condenses estavam com um homem a menos, também graças a Rúben Ribeiro que cresceu no jogo.

Os vila-condenses iam subindo no terreno, tentando os remates de longe… basicamente, chegar ao golo. E é num nestes remates à entrada da área que Gil Dias rematou à trave e Rúben Ribeiro foi colher a prenda do seu trabalho ao aparecer ao segundo poste e fazer o empate.

Mas ainda não chegava. O golo fora dava a vantagem aos checos e o facto de o adversário jogar com menos um também. Aliás, essa situação até poderia ter mudado já que alguns dos amarelados do Slavia podiam ter visto o segundo cartão... mas isso não aconteceu.

Até ao final, o Rio Ave fez um jogo de luta. A garra vila-condense fazia vibrar as bancadas e acreditar até ao final, depois daquele esmorecimento ao intervalo.

O segundo golo parecia ser só uma questão de tempo e até Cássio fez questão de aparecer para negar um golo a Skoda e levantar mais a fé rioavista. O golo não chegou e o sonho europeu, desta vez, acabou mais cedo para o Rio Ave.

O Slavia segue em frente para o play-off de acesso à Liga Europa.