A tarefa era hercúlea, já se sabia. Abel pediu uma noite épica, Wilson Eduardo uma noite mágica, mas a desvantagem de três golos da primeira mão tornou a vitória pela margem mínima (1-0) sobre o Marselha curta para o Sp. Braga. Valeu pela honra, os Guerreiros lutaram, mas a eliminatória ficou selada para o lado francês.

Segue a sina do Marselha, que nunca venceu em Portugal. Também não foi esta noite perante um Braga personalizado que ganhou, mas esta terá sido a derrota mais fácil de digerir dos gauleses em solo português. Ricardo Horta ainda deu ascendente aos bracarenses, a equipa de Abel completou a outra premissa de não sofrer golos, mas faltaram mais tentos.

Uma semana depois do primeiro embate mudou-se o palco e mudaram significativamente os intervenientes, muito por força da revolução operada por Abel Ferreira no onze. Ao todo o treinador bracarense fez sete alterações comparativamente com a primeira mão, mantendo apenas Matheus, Bruno Viana, Esgaio e Vukcevic na equipa. No lado do Marselha Rudi Garcia fez apenas duas alterações, apresentando Sakai e Sanson como novidades.

Crença depois da definição estratégica

O encontro assumia contornos diferenciados em virtude do resultado registado no Velódrome. Pedia-se uma entrada pujante mas responsável a equipa portuguesa, mas os franceses fizeram por anular essa estratégia com uma entrada ainda mais enérgica na pressão ao Sp. Braga. Exemplo disso mesmo foi a saída do esférico, com a bola batida para a linha lateral a pedir pressão imediata.

Cerraram-se os dentes, estudaram-se adversários e combateu-se estados de espírito. Sp. Braga e Marselha desconfiaram-se mutuamente, e antes de a bola começar a rolar com fino trato definiram-se estratégias e tentou-se não mostrar medo de parte a parte.

O evoluir do cronómetro deixou o futebol fluir e o Sp. Braga galvanizou-se. Tirou vários cruzamentos, criou lances de frisson e começou a acreditar que era possível. À passagem da meia hora de jogo, depois de o Marselha também ter ameaçado ataques perigosos, o sonho arsenalista começou a ganhar contornos reais. Cruzamento de Jefferson da esquerda com Wilson a amortecer ao segundo poste, para aparecer Ricardo Horta a fuzilar para o fundo das redes. Crença arsenalista depois do afinar das estratégias.

Franceses seguram com músculo

O Marselha continuava em vantagem na eliminatória, com algum conforto, mas longe da tranquilidade. Rudi Garcia fez essa leitura do jogo e tirou Njie, um elemento mais vertiginoso do ataque, por Anguissa, um poço de força para a luta na zona nevrálgica do terreno. Os músculos do camaronês ajudaram a dar coesão ao miolo francês e na segunda metade o Marselha reapareceu dominador.

A equipa de Rudi Garcia não ficou tanto na expetativa, percebeu que os Guerreiros não iam desbaratar a eliminatória e lá tiveram que arregaçar as mangas. Ainda assim Wilson Eduardo teve nos pés duas oportunidades soberanas para relançar verdadeiramente a eliminatória. Paulinho, Xadas e Fábio Martins foram as apostas de Abel, um trio de ataque para apontar todas as setas ao adversário.

O resultado não sofreu alterações e depois de um período de maior assédio o tempo de jogo começou a fazer esmorecer a reação da equipa portuguesa. O Sp. Braga cai das competições europeias nos 16 avos de final da Liga Europa de forma honrada, com um triunfo perante o terceiro classificado do campeonato francês.

Resta o campeonato ao Sp. Braga, onde tem treze pontos de vantagem para o mais direto perseguidor. A missão de Abel para motivar as tropas será agora olhar para cima. Honrado mas eliminado, o Sp. Braga termina a participação europeia da presente época.