O Belenenses ainda passou por sobressaltos mas carimbou o passaporte para a fase de grupos da Liga Europa. Será a estreia da equipa agora orientada por Ricardo Sá Pinto nestas andanças e isso talvez ajude a explicar algumas das incidências da partida.

Sobretudo uma entrada ansiosa, com dificuldades de colocar em campo virtudes que têm sido apresentadas na fase inicial da temporada: inteligência da gestão da bola, exploração dos corredores laterais e, acima de tudo, da fantasia dos homens mais dotados tecnicamente, casos de Miguel Rosa e Fábio Sturgeon.

Mas os sonhos, leia-se grandes objetivos, têm condão de perturbar a ordem natural das coisas. 

O Belenenses é, de longe, superior ao último classificado da Liga Austríaca, não há dúvidas quanto a isso.

No entanto, quando Seeger apareceu na cara de Ventura, em cima do intervalo, persentiu-se o pior. A (fraca) pontaria da referência ofensiva da Altach manteve os azuis na frente da eliminatória, como antes já o guarda-redes português tinha invalidado as intensões de Ngwat-Mahop (24’) e Salomon (20’).


Não se depreenda disto que só deu Altach durante os primeiros 45 minutos. Longe disso. Sá Pinto gritou vezes sem conta para dentro do terreno do jogo, aconselhando os jogadores a terem calma, afinal de contas ainda estavam na frente da eliminatória. 

E a fórmula fez a equipa serenar.

Os primeiros sinais de perigo dos azuis saíram, invariavelmente, de remates de meia distância, mas André Sousa e Miguel Rosa não tinham a mira calibrada para fazer balançar as redes do Altach com sucesso.

Pontaria a mais acabou por ter Ruben Pinto que, no coração da área, recebeu uma bola morta e encheu o pé, num remate de raiva que parecia acabar com as (poucas) dúvidas que ainda pairavam sobre o ar. A bola embateu com estrondo no poste e adiou a resolução da eliminatória para a segunda metade, conferindo mais alguns minutos de ansiedade próprios dos finais felizes.
 
Sangue, suor e glória

Ainda assim havia mais algumas provas de fogo reservadas para os azuis nos primeiros minutos da segunda parte. Com processos simples, o Altach voltou a encontrar Ngwat-Mahop (49’) no coração da grande área, mas o camaronês não teve cabeça para dar o melhor seguimento à bola e rematou por cima.


Abel Camará (48’) e Miguel Rosa (52’) ainda criaram perigo junto da baliza de Lukse, mas Ventura acabou por ser, novamente, posto à prova num remate de fora da área de Salomon (54’).

Com o passar dos minutos Damir Canadi foi empurrando a equipa para frente, na busca do golo que igualasse a eliminatória, mas as mudanças fizeram-se sentir mais do ponto de vista anímico do que propriamente por estratégia, uma vez que Sá Pinto foi lendo aquilo que o jogo lhe pedia e respondia a preceito.

O jogo deu lances acutilantes nas duas áreas, mas ninguém foi capaz de desatar o nó forte em que a partida começou, inclusivamente Mahop que, em cima do tempo regular, acertou com estrondo no travessão de Ventura (90') .

E assim sendo, manteve-se a tradição das equipas orientas por Ricardo Sá Pinto não perderem em casa na segunda prova de clubes mais importantes da UEFA.

O Belenenses junta-se, assim, a Sporting e Sporting Braga no contingente português que vai esta sexta-feira a sorteio e cumpre o sonho de marcar presença na Europa do futebol. Custou, mas acabou por valer pena todo o sofrimento.