Bastava um golo para o sonho europeu do Rio Ave se tornar real. Um golo para a formação de Vila do Conde chegar à fase de grupos da Liga Europa, para receber um milhão e 300 mil euros que representam um terço do orçamento, para levar um grupo de jogadores com mais vontade do que experiência europeia até um patamar que, há alguns meses, parecia inatingível. Bastava esse golo. E, ao minuto 90, depois de muito esforço e sofrimento, não só no relvado, mas também na bancada, esse golo chegou. Esmael fez detonar uma explosão de alegria nos Arcos que, tão cedo, Vila do Conde não vai esquecer.

Após a derrota por 2-1 na Suécia, Pedro Maritins não esteve com meias medidas e apresentou uma equipa com o objetivo claro de chegar à baliza adversária. Sempre que o Rio Ave tinha a bola, só os centrais Prince e Marcelo ficavam junto a Cássio. Os laterais, Lionn e Tiago Pinto, foram obrigados a fazer verdadeiros sprints subindo e descendo consoante a equipa tinha ou perdia a bola.

Ukra, Diego Lopes, e Bressan, iam colocando a bola na área, mas a inspiração que Hassan teve no passado fim-de-semana (hat-trick ao Estoril), hoje não apareceu. Aliás, ninguém parecia conseguir fazer o bocadinho que faltava: o golo.

Do outro lado estava uma equipa muito experiente que ia gerindo a vantagem sem se desgastar demasiado, fechando-se no seu meio campo e apostando no contra-ataque. O entrosamento entre todos os jogadores notava-se. Claesson, que estava mais solto, era o joker da equipa, aparecendo onde menos se esperava, jogando depois com Beckmann e Hauger em contra-ataques rápidos. Ainda assim, na primeira parte nenhum dos guarda-redes foi obrigado a grandes defesas.

Na segunda parte, o Elfsborg entrou a pressionar mais. Beckmann, aos 55 minutos, quase marcou de livre, mas o poste da baliza de Cássio salvou o Rio Ave. O tempo, inimigo da equipa da casa neste encontro, ia passando. Jan Mian tirou Beckmann para fazer entrar mais um defesa. Pedro Martins ia fazendo entrar avançados para refrescar o ataque. Primeiro trocou Bressan por Boateng, depois Jebor por Diego Lopes, e depois, no tudo por tudo, tirou o lateral Lionn para fazer entrar Esmael.

A bola passava ao lado, por cima, Ellegard defendia. A marcha do relógio anunciava o pior cenário. O sonho ia terminar por ali, a um golo da fase de grupos. Mas, em cima dos 90, a prova de que a sorte protege os audazes. Esmael, com um remate enrolado após lhe ter sobrado uma bola cabeceada por um defesa, fez a bola entrar na baliza. O tão desejado golo chegou e o estádio, com mais de oito mil adeptos, explodiu de alegria. O sonho europeu do Rio Ave continua vivo e voltou a fazer-se história nos Arcos.