Com catorze pontos de vantagem sobre o Rijeka, o Dinamo de Zagreb está bem lançado para conquistar o 20º título de campeão croata (em 28 edições), o que lhe permite colocar maior foco no duelo com o Benfica, para os oitavos de final da Liga Europa.

A equipa de Nenad Bjelica foi eliminada no playoff da Liga dos Campeões pelo Young Boys, já depois de ter ultrapassado o Hapoel Beer Sheva e Astana, mas depois venceu o grupo da Liga Europa - que tinha Fenerbahçe, Spartak Trnava e Anderlecht – e eliminou o Viktoria Plzen para marcar duelo com o Benfica, naquela que já é a mais longa campanha europeia dos últimos 48 anos.

Os adeptos do Dinamo estão naturalmente empolgados, mas ainda que a gestão do Benfica seja oposta, definindo claramente a reconquista do campeonato nacional como prioritária, o favoritismo está do lado português.

O Dinamo tem ainda a desvantagem de estar privado do seu técnico no primeiro jogo, devido a suspensão da UEFA. Antigo internacional croata, Nenad Bjelica esteve vários anos na Áustria. Foi lá que encerrou a carreira de jogador e iniciou a de treinador (Kärnten, Lustenau, Wolfsberger e Áustria de Viena), que depois ainda teve passagens por Itália (Spezia) e Polónia (Lech Poznan).

Agora com 47 anos, o técnico está no Dinamo desde maio de 2018. Foi contratado poucos dias da conquista do título, festejada ainda com Nikola Jurcevic, e depois juntou a taça às contas finais da temporada.

Ademi e Hajrovic devem falhar a primeira mão devido a problemas físicos

Habitualmente apresentado em 4x3x3 (ou 4x1x4x1), o Dinamo é uma equipa habituada a assumir um claro domínio nos jogos internos, mas que no contexto europeu tem mostrado também que é capaz de assumir uma postura mais equilibrada e realista.

A formação croata é algo previsível em organização ofensiva, na medida em que a ligação entre centrais e médios é quase nula. Raramente se vê um jogador da linha intermédia a recuar no terreno para formar uma saída a três, seja entre os centrais ou ligeiramente aberto na ala.

A estratégia passa quase exclusivamente por uma saída de bola através dos laterais, que depois procuram logo o extremo ou o avançado, sempre atento a estas solicitações diretas.

O Dinamo é particularmente perigoso pelo lado esquerdo, onde normalmente tem Mislav Orsic encostado à ala e Dani Olmo mais por dentro, como médio interior. Ambos foram titulares nos oito jogos da campanha na Liga Europa, mas Olmo é mesmo o jogador mais influente da equipa. O médio espanhol tem apenas 20 anos, mas já está no clube desde 2014, ano em que deixou a academia do Barcelona.

Esta organização ofensiva do Dinamo também requer um ponta de lança com área de influência alargada, capaz de um trabalho desgastante longe da baliza, a responder a estas solicitações mais diretas, muitas vezes na ala, para depois entregar a bola ao extremo ou ao médio interior. O suíço Mario Gavranovic tem sido o mais utilizado, mas Bruno Petkovic - que até esteve na conferência de imprensa de lançamento do encontro - tem justificado as oportunidades e está a fazer a melhor época da carreira (10 golos), sendo que em janeiro o Dinamo ainda recrutou Komnen Andric (ex-Belenenses).

Em organização defensiva o Dinamo apresenta-se normalmente em 4x5x1, ainda que pontualmente possa utilizar o 4x4x2, nomeadamente para responder a uma saída a três.

O ponta de lança procura quebrar a ligação entre centrais, «empurrando» o adversário para as laterais, momento em que a pressão é intensificada.

Petkovic procura quebrar a ligação entre centrais, e depois uma linha intermédia com cinco elementos

A linha intermédia assume referências individuais de marcação, algo que o Benfica pode aproveitar se atrair os jogadores do Dinamo para posições mais subidas, explorando depois o espaço que fica nas costas.

Dinamo fecha bem o corredor central, mas se o Benfica conseguir contornar esta barreira pode explorar o espaço que fica nas costas da linha intermédia
Sunjic acompanha o movimento do adversário e fica um espaço entre a linha intermédia e a defensiva

Apesar do equilíbrio que tem apresentado no plano europeu, a equipa croata não deixa de ter carências defensivas – individuais e coletivas – que a dinâmica atacante do Benfica pode expor.

No plano ofensivo importa ainda destacar Izet Hajrovic, ainda que deva falhar o primeiro jogo por lesão: é um exímio cobrador de bolas paradas, sobretudo pela direita, com a bola a sair tensa na direção da baliza.