O Galatasaray voltou à Liga dos Campeões, após três épocas de ausência, e curiosamente calhou em sorte ao FC Porto. O campeão otomano defrontou duas vezes os dragões esta época e perdeu ambas: 1-0 no Dragão e 2-3 em Istambul.
Relegado da Liga dos Campeões, ficou em terceiro atrás de Schalke 04 e FC Porto, o Gala é um conjunto de qualidade, sobretudo no processo ofensivo. Belhanda, Derdiyok, Nagatomo e Mariano, entre outros, são jogadores de qualidade individual que disfarçam as lacunas do conjunto de Terim.
É importante sublinhar que em janeiro, os turcos perderam Maicon e Garry Rodrigues, porventura jogador com maior capacidade para desequilibrar. Contudo, manteve a forma de jogar.
O Galatasaray joga habitualmente em 4x2x3x1, um sistema montado para jogar constantemente em ataque organizado e para atacar a profundidade. Como acontece quase por tradição com as equipas turcas, o Gala tem tendência em colocar muitos homens no momento ofensivo, sendo algumas vezes apanhado desequilibrado.
ONZE MAIS UTILIZADO:
Ao contrário do que acontece nas competições caseiras, Terim tenta dar mais equilíbrio à equipa nos jogos europeus ao colocar por Akbaba no corredor direito. No entanto, o ADN da equipa acaba por sobressair em comparação ao lado racional exigido neste tipo de partidas.
No fundo, o Galatarasay é uma equipa que se sente desconfortável em jogar sem bola durante a maior parte dos encontros, fruto dos hábitos criados nas provas internas. Tem uma impressionante capacidade para sair em contra-ataque um pouco por culpa das características de jogadores como Féghouli, Onyekuru, Gumus ou até mesmo de Nagatomo e Mariano (pela facilidade com que se incorporam no processo ofensivo).
Momento e transição defensiva
O Galatasaray é uma equipa que gosta de pressionar a saída de bola contrária, embora nem sempre o faça de forma organizada. Habitualmente, os turcos juntam um dos médios ao avançado na pressão aos dois centrais adversários. O problema é que o resto da equipa não segue o movimento dos outros dois: os restantes médios raramente ajustam e sobem, e os extremos têm poucas preocupações em fechar por dentro. Não raras vezes, a pressão parece ser feita de um modo algo anárquico.
Para além da pressão pouco organizada, o Gala padece de um problema crónico: destrói a sua organização defensiva com a vontade de recuperar rápido. É comum ver os defesas e médios apenas preocupados com a bola, acabando por perder noção do espaço a ocupar.
Organização ofensiva
Se sem bola o Galatasaray comete alguns erros primários, com bola é uma equipa de grande qualidade. Nota-se que há trabalho. Belhanda, Akbaba, Féghouli, Oneykuru ou Derdiyok são jogadores que, por norma, entendem bem o que o jogo pede. Porém, em determinados momentos, o Gala perde-se em ataques vertiginosos.
Terim pede aos seus jogadores para atraírem o adversário ao corredor central e só depois fazer a bola chegar aos corredores através dos laterais. De quando em vez, os médios abrem espaço para o avançado fazer «parede», ou seja, recuar e tocar para o médio solto, enquanto os dois extremos fazem diagonais de fora para dentro.
A imagem que se segue ilustra perfeitamente a saída a três para superar equipas em 4x4x2 como é o caso do Benfica.
Uma das variações apresentadas pelo Galatasaray em organização ofensiva tem o ponta de lança como peça-chave. Derdiyok e Mitroglou (não inscrito na LE) são solicitados para superar as linhas de pressão adversárias, amortecendo para a chegada dos médios. Ou então são servidos pelo ar, jogadas nas quais tentam desviar para as diagonais de fora para dentro dos extremos.
Bolas paradas
Denominado por muitos como 5.º momento do jogo, este é um dos aspetos problemáticos para o Galatasaray. A equipa ofensivamente parece não ter critério e defensivamente tem várias dificuldades. Existe a preocupação de fazer uma marcação mista. No entanto, o campeão turco costuma conceder ocasiões de golo, quer pelos bloqueios do adversário, quer por falta de concentração ou de capacidade para os jogadores acompanharem o marcador direto. Além disso, não protege a zona da fora da área e, portanto, permite remates exteriores ao oponente.
FIGURA: Belhanda
Após a saída de Garry Rodrigues, o maestro marroquino é a figura do campeão turco. O «dez» parece estar a encontrar o melhor momento de forma - anotou os dois primeiros golos da época no último jogo - e é a maior ameaça para as águias. Belhanda oferece várias soluções com bola ao Gala, tem uma capacidade técnica refinada e um poderoso remate. Inteligente a movimentar-se, dependerá muito dele o que o conjunto de Terim conseguirá fazer.