Esta é uma amostra do que espera o Benfica esta quinta-feira, na decisão dos quartos de final da Liga Europa com o Eintracht Frankfurt. O ambiente no Commerzbank-Arena, aqui na primeira mão dos oitavos de final com o Inter, uma grande atmosfera a embalar a equipa na entusiasmante campanha desta época. O Eintracht faz gala nessa força extra e os adversários sabem que têm de se preparar para o que vão encontrar. É um fator mais na decisão de uma eliminatória onde o Benfica chega com a vantagem de 4-2 trazida da Luz. O Eintracht joga com essa pressão, um desafio adicional para uma equipa do Benfica com muitos jogadores jovens, mas também com vários veteranos de batalhas europeias. No lançamento de uma decisão que vai exigir também muita força mental, o Maisfutebol foi fazer as contas à rodagem europeias das duas equipas e o olhar por esse equilíbrio de forças mostra um Benfica globalmente mais experiente que o Eintracht Frankfurt.

São muito jovens as figuras em destaque das duas equipas. De um lado João Félix, 19 anos e um «hat-trick» histórico na primeira mão, do outro Luka Jovic, 21 anos, avançado que chegou ao clube alemão cedido pelo Benfica e por lá ficará em definitivo, que marcou o primeiro golo na Luz e já leva oito nos 11 jogos do Eintracht Frankfurt nesta Liga Europa. Félix é um dos oito jogadores do Benfica que se estrearam esta época nas competições europeias, entre os 24 utilizados na campanha que começou nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões e já leva 15 jogos disputados.

O Eintracht tem apenas cinco estreantes, mas há vários jogadores com pouco mais passado europeu. Jovic, por exemplo, tem apenas mais dois jogos pelo Estrela Vermelha na pré-eliminatória da Liga Europa em 2015/16, e dois minutos ainda nessa temporada pelo Benfica, no empate com o Bayern Munique para os quartos de final da Liga dos Campeões. Gonçalo Paciência também entrou em dois jogos da Liga dos Campeões pelo FC Porto na época passada, nas duas mãos dos oitavos de final com o Liverpool, num total de 26 minutos europeus anteriores a esta temporada.

Salvio, o «reforço» que lidera as referências de experiência

Ao todo, o plantel do Benfica contabiliza 601 jogos na Europa, contra 451 do Eintracht Frankfurt. Os «encarnados» têm para estas contas um reforço de peso em Frankfurt. Salvio, de regresso às opções de Bruno Lage após dois meses de fora por lesão, é o jogador do Benfica com mais experiência europeia, 83 jogos no total e dois títulos da Liga Europa no currículo, conquistados com o At. Madrid.

Mas há mais três jogadores acima da meia centena de jogos europeus: Fejsa, Jonas e André Almeida, também ele opção de novo em Frankfurt depois de ter ficado de fora na primeira mão, numa altura em que Bruno Lage tem gerido o plantel em função das duas frentes, a Europa e a luta pelo título da Liga. Pizzi e Jardel são outros dos jogadores com várias dezenas de jogos europeus.

Salvio, André Almeida e Jardel são os jogadores do atual plantel que já estavam no Benfica em 2012/13, quando a equipa chegou à primeira de duas finais seguidas da Liga Europa. E Fejsa chegou na época seguinte. Referências de experiência, a contrapor à juventude de várias das opções regulares do Benfica esta temporada.

Gedson Fernandes, que junto com Vlachodimos foi o único jogador utilizado até agora nos 15 jogos europeus do Benfica, em 13 deles a titular, é outro dos estreantes, tal como Florentino, Ferro ou até Gabriel, de fora agora por lesão. Rúben Dias, que apenas falhou esta época o jogo em Amesterdão com o Ajax por castigo, tinha antes desta época apenas dois jogos europeus, na Liga dos Campeões da época passada. Mas também jogadores com mais tempo de carreira, como Grimaldo ou Cervi, têm só nesta temporada mais jogos europeus do que tinham feito até aqui.

No Eintrach Frankfurt, o jogador com mais rodagem europeia é o defesa central austríaco Martin Hinteregger, com um total de 53 jogos, a maioria das quais no Red Bull Salzburgo. Há outros jogadores com experiência e várias dezenas de jogos europeus, como De Guzman, que passou por Nápoles, Swansea, Villarreal e Feyenoord, David Abraham, que tem 26 jogos na Liga dos Campeões com a camisola do Basileia, Jetro Williams, que fez várias épocas no PSV Eindhoven, o guarda-redes Kevin Trapp, ex-PSG, ou o suíço Gelson Fernandes, cujo currículo europeu incluiu a campanha da fase de grupos da Liga Europa pelo Sporting em 2012/13.

No que diz respeito aos treinadores, Bruno Lage está na sua temporada de estreia, enquanto Adi Hutter vai na quarta época em competições europeias, sempre na Liga Europa. A primeira com o Eintracht Frankfurt, depois de ter chegado aos 16 avos de final com o Red Bull Salzburgo e de duas fases de grupos ao comando do Young Boys.

O Benfica tem bem mais experiência europeia que o Eintracht Frankfurt, não apenas em termos de palmarés mas também se olharmos para o passado recente. Os «encarnados» são presença regular nas competições europeias e chegaram a duas finais da Liga Europa nesta década, ambas perdidas, enquanto o Eintracht está apenas na sua segunda campanha europeia nas últimas dez épocas, depois de em 2013/14 ter chegado aos 16 avos de final da Liga Europa.

Mas esta temporada tem estado em grande. Começou com seis vitórias na fase de grupos, num grupo que tinha Lazio e Marselha, a seguir eliminou o Shakhtar Donetsk de Paulo Fonseca e depois do Inter. Dez jogos, oito vitórias e dois empates, até à derrota na primeira mão, na Luz. A que se seguiu outro desaire caseiro, frente ao Augsburgo, no fim de semana passado, acabando com o estado de graça de uma equipa que ainda não tinha perdido em 2019.

O jogo da Luz deixa o Benfica em vantagem, ainda que a eliminatória não esteja resolvida. O resultado é positivo, também à luz da história: só por uma vez o Benfica foi eliminado depois de conseguir vantagem de dois golos em casa na primeira mão. Foi há muito tempo e, curiosamente, aconteceu na Alemanha. Mas, como esta época tem insistido em lembrar-nos a cada semana europeia, nada está decidido até terminar.