O Sporting capitulou por onde mais vezes costuma ruir: pela dificuldade em marcar.
 
Curiosamente não é um problema apenas deste Sporting, é um problema sim das equipas de Marco Silva. Já o Estoril, convém sublinhá-lo, marcava pouco para a quantidade de oportunidades que costumava criar. É uma sina que acompanha este treinador, e não é boa.
 
O Sporting criou oportunidades para marcar de todas as formas e feitios, de resto: em bolas áreas e pelo chão, de bola parada e corrida, de fora da área e à boca da baliza.
 
Seria até fastidioso estar aqui a enumerar todas as ocasiões de golo do Sporting esta noite, até porque não se está aqui para aborrecer ninguém. Por isso mais vale seguir em frente.

Confira a ficha e as notas dos jogadores
 
Seguimos em frente, portanto, para referir que a missão leonina não era tão impossível como se fez acreditar. A formação leonina teve momentos em que vulgarizou o segundo classificado da Bundesliga, e talvez o candidato mais sério a vencer a Liga Europa.
 
Fê-lo através de um futebol que misturava em doses iguais dinamismo e criatividade, fulgor e paciência, agressividade e destreza.
 
Sobretudo depois de João Mário baixar ligeiramente no relvado para entrar mais em jogo, oferecer mais linhas de passe aos companheiros e aumentar o número de jogadores leoninos na pressão sobre a posse de bola. O médio começou esta noite demasiado adiantado, muito perto de Tanaka, mas quando baixou, mais ou menos a partir dos vinte minutos, o jogo mudou de aspeto.
 
O Wolfsburgo, que até então tinha aproveitado a posse para adormecer o jogo e assassinar pela raíz a vontade do Sporting eletrizar o futebol, perdeu a bola. Com isso assustou-se uma, duas, três vezes, e acabou mesmo por recuar no relvado, deixando o Sporting ser melhor.


 
É verdade que também o fez porque o Sporting era efetivamente melhor, ganhava as bolas divididas e dominava o encontro. Mas num sinal de respeito pela incapacidade de dividir a posse de bola com o Sporting, o Wolfsburgo recuou e não quis entrar numa luta que estava a perder.
 
Acabou por se limitar a defender a vantagem trazida da Alemanha.
 
A melhor prova disso mesmo é que, enquanto o jogo durou, só teve uma ocasião verdadeira de fazer golo: Kevin de Bruyne aproveitou uma transição mal conseguida do Sporting para atirar ao poste.

Foi tudo. Pelo menos enquanto o jogo durou.
 
Depois disso, é verdade, quando o tempo que faltava para o fim já não permitia ao Sporting sonhar com dois golos e o prolongamento, então nessa altura até podia ter vencido o jogo: Bas Dost surgiu isolado frente a Rui Patrício e foi carregado em falta por Jonathan Silva. Era penálti, sim.

Benaglio agradeceu cerimónia de Tanaka: os destaques do jogo
 
Mas antes disso, o Sporting já tinha feito 23 remates à  baliza do Wolfsburgo: foi um recorde. Nenhuma equipa tinha atirado tanto à baliza de Diego Benaglio esta época.

Com isso tinha construído sete, oito, nove ou dez oportunidades de golo.
 
Benaglio defendeu-as quase todas, numa noite em que vestiu de herói. No fim recebeu o abraço sentido dos companheiros e saiu do relvado a ouvir o nome ser entoado ao ritmo de palmas pelos mil e quinhentos adeptos alemães. É merecido: foi ele que eliminou o Sporting da Liga Europa.
 
Ele e uma incapacidade crónica para finalizar como uma equipa grande tem de finalizar.
 
Sim, que em tudo o resto o Sporting foi uma equipa grande, enorme até: contra tudo e contra todos acreditou na reviravolta e mostrou que não era uma crença infundada. Só não teve classe numa coisa, lá está. E no fim, bem lá no fimzinho, continua a ser a coisa que vale tudo no futebol.