Épico! Empolgante! Inesquecível! Este é daqueles jogos que daqui por trinta anos ainda vão ser recordados. O Dortmund, que antes dos dez minutos, já vencia por 2-0, chegou a ter a eliminatória, por duas vezes, no bolso, mas a equipa de Jürgen Klopp, sempre empurrada pelo seu treinador, nunca deixou de acreditar e acabou por chegar ao golo da vitória ao minuto noventa, num emotivo jogo que começou muito antes do primeiro apito do árbitro. Os golos madrugadores dos alemães ainda amenizaram o ambiente de confraternização entre os adeptos dos dois emblemas, mas a espetacular reação do Liverpool levou a que o jogo acabasse como começou, ao som do «You’ll never walk alone».

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O ambiente de festa e fair-play que já se vivia nas ruas de Liverpool, concentrou-se depois nas bancadas de Anfield, com vermelhos e amarelos a cantar, em plenos pulmões, o mítico «You’ll never walk alone» antes de fazerem um minuto de silêncio pelas vítimas do desastre de Hillsborough que, esta sexta-feira faz vinte anos.

Um grande ambiente que esfriou com o pragmatismo alemão quando a bola começou a rolar. Dois golos logo a abrir, separados por quatro minutos, silenciaram o Kopp, irritaram Klopp e deixaram a equipa da casa em estado de choque. A verdade é que o Liverpool tinha começado o jogo em vantagem e, de repente, estava obrigado a marcar três golos. O primeiro golo, logo aos quatro minutos, nasce num mau passe de Coutinho, que permitiu a Kagawa arrancar pelo corredor. Num ápice, o Dortmund tinha cinco jogadores na área de Mignolet. Castro levantou a bola para um primeiro remate de Aubameyang e Mkhitaryan marcou na recarga. Muito simples.

Um golo que deixou a equipa do Liverpool visivelmente abalada e, quatro minutos depois, mais um rápido contra-ataque, passe longo de Reus, Sakho mal posicionado, deixou fugir Aubameyang que fez o 2-0. Balde de água gelada, mas desta vez, a equipa de Klopp reagiu melhor, reclamou a posse de bola e conseguiu pressionar mais perto da baliza de Weindenfeller. Lallana, com um pontapé na atmosfera, desperdiçou uma oportunidade para reduzir, mas o jogo estava totalmente aberto e o Dortmund continuava a ameaçar um terceiro golo, com rápidos contra-ataques. Klopp, sempre frenético junto à linha, não se cansava de incentivar os seus jogadores, mas a verdade é que era a sua antiga equipa que controlava quase tudo dentro das quatro linhas.

Se até ao intervalo o Liverpool parecia estar cada vez mais distante das meias-finais, a verdade é que no início da segunda parte os «reds» voltaram a entrar no jogo, com um golo de Origi, que já tinha marcado n primeiro jogo, na Alemanha. Investida da equipa de Klopp pela zona central, com Emre Can, depois de uma série de tabelinhas, a lançar o avançado belga que bateu Weidenfeller com um toque de classe. Anfield voltou a despertar, mas por pouco tempo. Bola ao centro e resposta rápida do pragmatismo alemão, com Hummels a lançar Reus em velocidade para o terceiro golo do Dortmund. O LIverpool voltava a ver as «meias» por um canudo.

Novo golpe duro, mas a verdade é que os ingleses nunca baixaram os braços. Jürgen Klopp procurou abanar a equipa na última meia-hora, com as entradas de Allen e Sturridge de uma assentada, enquanto a formação de Thomas Tuchel procurava gerir o ritmo de jogo e manter a bola longe da baliza de Weidenfelller. Numa altura em que os cânticos voltavam a ouvir-se nas bancadas, o Liverpool chegou ao segundo golo, numa iniciativa de Coutinho que, depois de combinar com Milner, atirou cruzado para as redes de Weidenfeller.

Anfield voltava a acreditar e reforçou a «fé» quando Mamadou Sakho, a doze minutos do final, empatou o jogo 3-3 na sequência de um pontapé de canto de Coutinho. Incrível. Depois do Dortmund ter «arrumado» com a eliminatória por duas vezes, o Liverpool nunca desistiu e chegou mesmo ao empate.

Klopp dava tudo de si junto à linha, esbracejava e gritava em plenos pulmões e a equipa correspondia encostando o Dortmund às cordas. Já sobre o minuto noventa, explosão de alegria com Lovren, o outro central, a marcar o golo da vitória. Afinal era possível, era só acreditar.

O jogo acabava logo a seguir, com os adeptos rendidos à equipa e ao seu treinador. Ainda há milagres em Anfield.