Uma primeira parte de superioridade quase total esteve na base da vitória do FC Porto sobre o Sevilha, na primeira mão dos quartos de final da Liga Europa. Uma ideia sustentada pela crónica de Vítor Hugo Alvarenga, no Dragão, e reforçada pelos números recolhidos pelo Centro de Estudos do Futebol da Universidade Lusófona em análise para a MF Total.

Através deles, é possível perceber que um dos maiores problemas da equipa espanhola no jogo, em especial no primeiro tempo, foi o
recurso sistemático à bola longa, facilmente anulada pelo FC Porto antes da sua área defensiva. Os dragões destruíram 75% dos ataques sevilhanos na zona de meio-campo, e só permitiram 22% de chegadas à sua área. Invertendo os papéis, o Sevilha foi obrigado a defender muito mais perto da baliza de Beto, recuperando mais de metade dos ataques portistas (52%) já na sua grande área.

Isto explica um acentuado contraste na criação de oportunidades de golo: até ao intervalo, o FC Porto chegou à fase de criação e/ou finalização em quase metade dos ataques (49%) enquanto o Sevilha só o fez em 12% dos lances ofensivos. Isso ajuda a explicar um parcial de remates francamente desequilibrado no primeiro tempo (8 para o FC Porto, apenas dois para os andaluzes), reforçado pelo golo de Mangala, na sequência da cobrança rápida de um livre. Foi uma das 11 situações de bola parada ofensiva para os dragões até ao intervalo, por contraste com as cinco de que o Sevilha dispôs, só aproveitando uma delas para situação de remate.

A tendência do jogo modificou-se após o descanso, em especial porque o Sevilha entrou melhor e, com um futebol mais ligado, obrigou o FC Porto a defender mais atrás. Assim, os números nivelaram-se um pouco mais, quer nas zonas de recuperação e perda de bola, quer no total de remates (7-6 para o FC Porto) quer, ainda, no total de bolas paradas ofensivas (5-3 na segunda parte).

Uma curiosidade adicional prende-se com o facto de o FC Porto ter conseguido quase todas as situações de remate na primeira parte no corredor direito (4) ou central (3, incluindo o golo de Mangala) e, depois do intervalo, ter passado a incidir a maior parte dos seus ataques com finalização no lado esquerdo (4). Já o Sevilha, que na primeira parte praticamente não incomodou Fabiano, teve quatro situações de remate frontal na segunda parte, com duas intervenções do guardião portistas.

Olhando para os números finais, mesmo com a segunda parte a recuperar algum equilíbrio, o facto de o FC Porto ter tido 53% de perdas de bola na área do Sevilha, contra 31% dos espanhóis ilustra bem qual das equipas teve o jogo em territórios mais confortáveis.