Foi do pé direito de Rolando que saiu o bilhete do Marselha para disputar a final da Liga Europa, a 16 de maio, em Lyon, frente ao Atlético de Madrid. Depois do 2-0 na primeira mão, o emblema gaulês deixou-se empatar na eliminatória, resistiu depois às investidas austríacas, mas um golpe de teatro do internacional português deu a passagem aos franceses à final da prova.

As equipas não se conseguiram desfazer do nevoeiro inicial, provocado pelos artigos pirotécnicos lançados pelos adeptos da casa, e a primeira parte nunca foi jogada com total clareza, num misto de alguma precipitação do lado do Salzburgo e de um tipo de jogo expectante, por força de estar em vantagem na eliminatória, do lado do Marselha.

Tal como na primeira mão, os gauleses fizeram-se valer muito das bolas paradas, e foi precisamente através de um livre que deram o primeiro sinal de perigo, num lance em tudo idêntico ao golo de Thauvin na primeira mão, mas desta vez Rami não conseguiu fazer a emenda ao cruzamento de Payet.

Pouco depois, o Salzburgo respondeu por Dabbur, naquela que foi a melhor oportunidade da equipa da casa, mas Pelé agarrou a dois tempos, ele que foi um dos destaques no jogo do Velódrome.

Se nos primeiros 90 minutos da eliminatória o jogo tinha sido intenso e emotivo, a primeira parte, disputada na Áustria, mostrava duas equipas bem mais calmas, com o Marselha a jogar na expectativa e a esperar pelo erro do adversário e o Salzburgo a mostrar pouca criatividade para quebrar a defesa gaulesa.

FILME E FICHA DE JOGO.

Mas na segunda parte tudo mudou.

Já depois de Germain ter falhado a melhor oportunidade da partida para o emblema francês, num contra-ataque muito bem desenhado juntamente com Payet, Haidara aventurou-se no ataque, passou por meia equipa do Marselha e atirou a contar, num golo que fez renascer o conjunto de Salzburgo quando estavam jogados apenas oito minutos do segundo tempo.

Empurrado também pelo entusiasmado dos adeptos, os comandados de Marco Rose partiram para cima do Marselha e protagonizaram alguns minutos de uma pressão intensa e sufocante ao adversário, que culminou com o segundo golo, aos 65m, que empatou a eliminatória e levou à loucura os adeptos austríacos presentes na Arena de Salzburgo, que tinham cada vez mais razões para acreditar no apuramento para o jogo decisivo.

Até ao fim do tempo regulamentar, nem Hwang, num remate defendido por Pelé, nem Thauvin, num cabeceamento à barra, conseguiram desfazer o empate na eliminatória e o jogo seguiu para mais 30 minutos, que viriam a ser fatais para o Salzburgo. Mas já lá vamos.

Logo a abrir, Anguissa ameaçou com um vólei de fora da área a passar perto do poste, mas o momento da primeira parte do prolongamento viria a ser à passagem da centena de minutos: Cabeceamento de Caleta-Car e Pelé, numa defesa verdadeiramente espetacular, a negar o terceiro golo ao conjunto austríaco.

A quatro minutos dos 120’, e numa altura em que a possibilidade de pénaltis era cada vez mais forte, apareceu Rolando, o herói improvável, a dar o apuramento ao Marselha: canto de Payet, cujo pé direito foi sempre uma ameaça ao longo da eliminatória, e o internacional português a aparecer solto no coração da área e a desviar para a baliza, num verdadeiro golpe de teatro que levará o Marselha a procurar a glória europeia, catorze anos depois da última final europeia, perto de casa, em Lyon.