O Benfica volta a uma final europeia: o feito merece um parágrafo só para ele.

A formação encarnada encheu-se de sofrimento e aguentou durante mais de hora e meia um nulo que lhe serve como uma goleada: um nulo defendido sempre no limite da angústia. Sobretudo na primeira parte, quando o coração bateu muito forte e tolheu as ideias, a pressão foi tremenda.

A Juventus mostrou outra vez ser uma equipa difícil, dura, que abre muito o jogo em largura, cria espaços e carrega sobre os adversários. Esta noite teve alturas em que conseguiu asfixiar a formação encarnada. O momento da curva acabou por ser o intervalo.

Até lá o Benfica fartou-se de sofrer. Curiosamente até começou bem, a ter bola, mas foi coisa de cinco minutos. A partir do momento em que Pirlo encheu o pé e obrigou Oblak a grande defesa, só deu Juventus. Os encarnados encolheram-se, tremeram e deixaram de sair.

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Basicamente deixaram de o fazer porque a Juventus é terrível na pressão: rápida, forte, dura, intensa. Caía em cima dos adversários cheia de fome, sempre no limite rigidez, pelo que era necessário soltar a bola com rapidez. O que nem sempre os jogadores do Benfica faziam.

Sobrava por isso muita Juventus e pouco Benfica. Sobretudo um Benfica muito curto.

A Juventus essa ameaçou num remate acrobático de Tevez, num outro remate de Pirlo a rasar o poste, num desvio de Bonucci ao qual Tevez não chegou por centímetros e num cabeceamento de Arturo Vidal que Luisão tirou em cima da linha de golo.

O apito do árbitro para o intervalo foi um bálsamo no sofrimento.

Ao intervalo Jorge Jesus corrigiu aspetos, mas sobretudo deve ter falado ao coração dos jogadores. A verdade é que na segunda parte o Benfica voltou diferente. Teve mais bola, mais profundidade, respirou melhor e a partir do momento em que respirava melhor enchia a Juventus de dúvidas. 

Coração até a jogar só com nove 

Logo no início da segunda parte Rodrigo recebeu uma bola mal aliviada por Chiellini e atirou por cima da barra, com tudo para marcar, pouco depois o mesmo Rodrigo isolou-se na cara de Buffon mas adiantou em demasia a bola. Foram dois momentos que viraram a alma do Benfica. 

É verdade que por esta altura Juventus ainda ameaçava, e fê-lo sobretudo num livre de Pirlo que Oblak defendeu, mas a diferença estava na capacidade afirmativa do Benfica. Já não era uma equipa encolhida que só sofria. Nunca mais o foi durante o jogo, aliás.

Não o foi sequer quando Enzo Perez fez duas faltas sobre Arturo Vidal em seis minutos e foi expulso. A equipa ficou a jogar com dez, é verdade, Jesus trocou Rodrigo por André Almeida, a equipa recuou, sim, mas juntou as linhas e continuou a saber esticar o jogo. 

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Por isso a Juventus só voltou a ameaçar nos dez minutos finais. Lichtsteiner deixou fugir a bola em excelente ocasião, Pogba marcou em fora de jogo bem assinalado e Cáceres obrigou Oblak a grande defesa. O Benfica, é preciso repeti-lo, percorreu a segunda parte com bem mais segurança.    

No fundo os encarnados foram sabendo jogar com a pressão e aprendendo a respirar ao longo dos noventa minutos. Num estádio difícil, com um ambiente terrível e perante um adversário tão forte, é perfeitamente normal. Interessa por isso destacar o enorme coração encarnado. 

Acabou aliás o jogo a jogar com nove, depois da expulsão de Enzo Perez e da lesão de Garay quando já não era possível fazer mais substituições: mas aguentou-se estoicamente. 

Regressa à final da Liga Europa e com toda a justiça. Depois de ter perdido com o Chelsea na época anterior, defronta o Sevilha esta temporada a merecer bem maior confiaça. Não vai poder contar com Enzo Perez, Markovic e Salvio, é verdade, mas hoje não é dia para recordar tristezas.

O Benfica volta a uma final europeia.