O Shakhtar tem um treinador português, que já defrontou o Benfica quinze vezes (e até venceu em três ocasiões), mas na estrutura do emblema ucraniano há que conheça as águias ainda melhor do que Luís Castro.

José Boto deixou a liderança do «scouting» do Benfica há um ano e meio, após mais de uma década de ligação ao clube. Teve participação direta na contratação de vários dos jogadores do plantel agora comandado por Bruno Lage, mas há ano e meio mudou-se para o Shakhtar Donetsk.

Em conversa com o Maisfutebol assumiu que o duelo ditado pelo sorteio dos dezasseis-avos da Liga Europa é uma espécie de prenda de Natal amarga.

«Será especial, pois foram doze anos de ligação ao Benfica, um clube ao qual ninguém fica indiferente. Mas era um duelo que não queria já. Acima de tudo porque nunca quero uma derrota do Benfica, mas agora vou querer», afirma.

Questionado se já está a contar os dias para os duelos, e até a pensar na habitual confraternização entre direções antes dos jogos, Boto reconhece a satisfação por encontrar pessoas com que trabalhou vários anos: «Sim, será especial. Sobretudo se estiver lá o presidente, que é a pessoa que mais admiro no Benfica.»

O agora «chief scout» do Shakhtar revela que alguns jogadores até já lhe ligaram a brincar com este reencontro com o Benfica, mas não pretende funcionar como uma espécie de “espião” privilegiado: «As conversas são globais, sobre a qualidade dos jogadores, e não táticas, que isso é da competição da equipa liderada pelo mister Luís Castro.»

Boto defende, de resto, que este eixo português não dá vantagem ao Shakhtar no duelo europeu com o Benfica: «Hoje em dia, não. As equipas são todas analisas ao pormenor.»

O «scout» português espera uma eliminatória equilibrada, em que «só a circunstância de o Shakhtar vir de uma paragem pode dar alguma vantagem ao Benfica». Isto porque a Liga ucraniana já está na pausa invernal, e só regressa precisamente no fim de semana entre os dois jogos com o Benfica.

Boto destaca, de resto, que «o principal objetivo do Shakhtar é sempre a Liga», mas depois do adeus à «Champions» o objetivo é «ir o mais longe possível» na Liga Europa. «Até porque nos últimos anos nunca passámos desta fase», conclui.