Luís Castro, treinador do Shakhtar Donetsk, depois do empate com o Benfica (3-3), no Estádio da Luz, que permitiu à equipa ucraniana qualificar-se para os oitavos de final da Liga Europa:

[A equipa cometeu muitos erros na primeira parte. O que mudou na segunda?]

- Fomos uma equipa sofrível na primeira parte, não tivemos qualquer controlo do jogo. Não conseguimos pressionar o Benfica alto, não conseguimos controlar, o Benfica entrava por fora, entrava por dentro. Fomos uma equipa apática ao longo de toda a primeira parte, mas retificámos ao intervalo, ajustámos algumas posições, conseguimos pressionar alto, conseguimos controlar o jogo do Benfica. Enquanto na primeira parte ficámos encostados, na segunda conseguimos jogar e mostrar muito mais qualidade.

[Tinha pedido um grande espetáculo, ficou agradado num jogo tão indefinido e com tantos golos?]

- Quando passamos por muitas dificuldades e depois temos sucesso, aquelas dificuldades têm um sabor que relativiza o que fizemos mal. É importante dizer que a eliminatória é feita em dois jogos. Pode haver a tentação de dizer que, pelo que fizemos na primeira parte, merecíamos ser eliminados, mas fomos melhores na segunda parte e fomos melhores na Ucrânia. O Benfica é uma equipa de qualidade, mas passámos por mérito nosso.

[O que fez a diferença?]

- O que nos levou à vitória acho que foi a organização. Foi a preparação psicológica do Shakhtar. Uma equipa que está a perder por 2-1 ao intervalo e num jogo que podia estar 3-1 ou 4-1, ter capacidade de saber ajustar-se e ter um comportamento totalmente diferente na segunda parte. Acho que foi aí que esteve o segredo. A forma como os meus jogadores se movimentaram na segunda parte foi devido à capacidade mental que tiveram de absorver toda a informação que lhes passei ao intervalo.

[Quatro equipas portuguesas eliminadas. Merece reflexão?]

- Enquanto português estou triste por não ver seguir em frente três das quatro equipas. Estou obviamente feliz por ter ganho ao Benfica. Não por ser o Benfica, mas sim por ter sido o adversário do Shakhtar. Não tenho capacidade neste momento para refletir sobre o futebol português, deixo isso para vocês.

[Próximo adversário?]

- Ainda não via as equipas que passaram. Ainda nem sabia se íamos passar ou não. Havia muita confiança, mas não sabíamos. Uma equipa que passa o que nós passamos está preparado para tudo. Hoje estivemos aqui quase mortos e passámos. Estamos prontos para tudo. Depois de nos reerguemos depois de um jogo tão mau, tudo é possível. Em Zagreb também empatámos 3-3, também fomos ao Etihad empatar. Estamos prontos para tudo.

[A parte psicológica foi importante? O Benfica parece ter quebrado depois do segundo golo do Shakhtar?]

- Quando conseguimos o 3-2, é natural que uma equipa que fique por baixo da eliminatória não sinta tão confortável no jogo. Quando fizemos o 3-3 o Benfica sentiu ainda mais a pressão. O Benfica não conseguiu reagir da mesma forma que o Shakhtar porque o Shakhtar ficou muito bem no jogo. O Benfica começou a ter de precipitar o seu jogo, precisava de golos. O Shakhtar estava mais confortável, mas nisto não há volta a dar. Ainda ontem na Champions vi equipas que estavam por baixo e não conseguiram reagir, apesar de serem consideradas das melhores da Europa.