Ainda a usufruir da quinta participação consecutiva na Liga Europa, o Villarreal está remetido para a luta pela permanência na Liga espanhola, prova em que ocupa o penúltimo lugar. Sem qualquer vitória nos últimos dois meses, o «submarino amarelo» anda à deriva, e a prova disso é que o técnico Javier Calleja, substituído por Luis Garcia em meados de dezembro, reassumiu o cargo cinquenta dias depois.

Nos dois jogos em que orientou a equipa entretanto - os empates com Espanhol (2-2) e Valladolid (0-0) - Calleja apostou no mesmo «onze» e com uma estrutura tática que oscila entre o 3x5x2 e o 3x4x3. Isto porque Fornals tanto apareceu em zonas mais próximas de Cazorla, para construir jogo, como foi segundo avançado, à semelhança de Gerard Moreno, nas costas de Toko Ekambi.

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Esta foi a equipa apresentada por Calleja nos dois jogos pós-regresso, mas é provável que apresente novidades frente ao Sporting. Desde logo na baliza, que deve ser ocupada pelo ex-portista Andrés Fernández, que fez todos os jogos da fase de grupos da Liga Europa. Jaume Costa está suspenso e Manu Trigueros a contas com problemas físicos, mas Victor Ruiz (central), Mario Gaspar (lateral direito), Cáseres (médio) ou mesmo Carlos Bacca (avançados) podem ser lançados.

O detalhe mais curioso desta estrutura está mesmo na disposição do ataque, mais concretamente na forma como Gerard Moreno e Pablo Fornals aparecem quase sempre no corredor central.

Fornals e Gerard em zonas interiores

Ambos procuram criar soluções de passe entre linhas (e entre corredores), até a pedir uma solicitação direta dos centrais. Bonera é o mais competente neste capítulo, mas ainda assim o Villarreal cai excessivamente em saídas por fora, através dos alas, que então depois procuram estes auxiliares de Toko Ekambi, ou então explorar diretamente a velocidade do camaronês em profundidade, algo que pode criar problemas à defensiva leonina, como indiciam os onze golos já apontados por este avançado.

Triangulações procuradas repetidamente pelo Villarreal nos corredores laterais

Esta (im)previsibilidade do Villarreal também está muito dependente da liberdade que tiver o regressado Santi Cazorla. Utilizado como segundo médio, ao lado de Iborra, o antigo jogador do Arsenal procura receber a bola junto dos centrais, ou então descaído para uma ala (sobretudo a esquerda, à procura de combinações com Pedraza).

Quando sente dificuldades para progredir por um dos lados, o Villarreal recorre muitas vezes à variação rápida de jogo, através de passes longos do central para o ala contrário, à procura de espaço para jogar.

Em organização defensiva o «submarino» tem metido muita água, desde logo pelas limitações inerentes à primeira linha, de três elementos. Os dois apoios ao ponta de lança (normalmente Gerard e Fornals) têm indicações para fechar prioritariamente o corredor central, de forma a obrigar o adversário a sair pelos flancos, mas depois têm de percorrer uma distância muito grande para acompanhar esse movimento.

A prioridade de Gerard e Fornals é ajudar Toko-Ekambi a fechar o corredor central...

Isto leva a que, não raras vezes, a situações de inferioridade nas faixas, ou até momentos em que os laterais/alas são levados a deixar a última linha defensiva – que passa de cinco a quatro elementos -, o que requer ajustes constantes.

Situação de desequilíbrio na ala

A fragilidade defensiva tem estado bem patente nos lances de bola parada, já que um terço dos golos sofridos surgiu dessa forma (catorze golos, sendo que nove estão associados a livres cobrados para a área ou pontapés de canto).

E, para além dos defeitos coletivos, o Villarreal tem sofrido também com erros individuais evidentes, bem ilustrados através dos três autogolos já registados (Funes Mori, Jaume Costa e Bonera).

Refira-se, no entanto, que nos momentos em que perde a bola em zonas adiantadas no terreno, o Villarreal tem uma reação rápida e intensa, no intuito de recuperar a posse de imediato.