Quando uma estreia a pontuar em casa frente ao Arsenal pode ter um sabor amargo e com tiques de crueldade. Este podia ser a resenha do filme da visita do Arsenal ao D. Afonso Henriques. O Vitória conquistou o primeiro ponto no Grupo F, conseguindo o empate já nos descontos (1-1), mas sabe a pouco. A muito pouco.

Mesmo aí, nos cinco minutos complementares, os vimaranenses tiveram três ocasiões claras para marcar e dar a volta ao resultado, assinando um jogo épico. A história esteve quase a repetir-se, após um jogo pouco conseguido o Arsenal chegou ao golo de bola parada. Cruel. Demasiado cruel.

A equipa de Ivo Vieira teve forças para lutar contra tudo, contras os próprios fantasmas e debaixo de um diluvio a horas pouco impróprias (15h50) os quase dezoito mil adeptos presentes nas bancadas iam ajudando a servir uma vingança fria aos gunners.

O destino do Vitória continua certo apesar do ponto somado, mas está ainda por traçar definitivamente pela matemática. O Vitória está numa espécie de morte lenta e anunciada, mas esperneia a bem espernear, que é como quem diz, mostra credenciais para mais dentro das quatro linhas.

Mais canhões do que gunners

Com cinco mexidas comparativamente com o jogo em Moreira de Cónegos, o Vitória de Ivo Vieira manteve a competitividade e, a exemplo do que fez no Emirates voltou a olhar de frente um dos grandes emblemas do futebol inglês.

 A realidade é que o jogo iniciou-se com os canhões a dar mais na vista do que os gunners.Com remates quase sempre de fora da área o Vitória deu maior expressão ao seu jogo na primeira metade e foi criando perigo frente a um Arsenal com muita posse, um futebol muito rendilhado mas pouco incisivo nas chegadas ao último terço do terreno.

Pepê pôs a baliza londrina a abanar logo aos oito minutos com um remate estrondoso ao ferro. Que momento do médio. De fora da área, encheu o pé e prometeu mais uma prestação destemida. Valeu Martínez na baliza, com defesas decisivas, a ir impedindo o golo ao Vitória, que foi pragmático e, sobretudo, rematador nas suas movimentações ofensivas.

Dilúvio até ao fim

A segunda metade foi diferente. Equilibrou os pratos da balança o Arsenal, essencialmente porque permitiu menos ações ofensivas ao conjunto português. A entrada de Guendouzi teve também a sua quota-parte de responsabilidade, uma vez que os ingleses passaram a dar mais discernimento ao seu jogo.

O jogo ficou partido, aparecendo os arsenalistas com mais insistência junto à área de Douglas. Passaram a jogar mais à frente no terreno, mas o discernimento que faltou na fase inicial continuou a verificar-se. As saídas do Vitória, essas, foram perdendo gás.

Mesmo estando por cima, o Arsenal chega ao golo de forma algo inesperada, na medida em que não criava real perigo. Outra vez Pépé, a exemplo do que aconteceu em Londres, bateu o livre para a área e Mustafi cabeceou completamente sozinho para o fundo das redes num erro defensivo clamoroso. Estava reescrita a trama.

Vitória enraivecido nos descontos

Só que os descontos encostaram o Arsenal às cordas. Cinco minutos que em nada terão agradado a Emery, uma vez que os gunners foram vulgarizados no D. Afonso Henriques por um Vitória enraivecido.

Bruno Duarte carimbou o empate com um pontapé de bicicleta e seguiram-se três oportunidades flagrantíssimas para fazer o segundo. Sorte madrasta, nada quis com a equipa portuguesa, que amealha um ponto frente ao Arsenal e fica por saciar.

Os ingleses continuam sem vida fácil em Guimarães, e não foi desta que um conjunto Inglês saiu vencedor do D. Afonso Henriques. Sorte madrasta. Ponto cruel.