No início de cada época surgem sempre promessas de grandes reforços, novas caras que nos vão surpreender e entusiasmar, mas invariavelmente há sempre espaço para a desilusão, obrigando os clubes a lamentar certos investimentos. Alcançado o final da primeira volta é tempo de olhar para trás e perceber quais foram os jogadores que surpreenderam e os que desiludiram.

O balanço leva-nos a encontrar dez caras que nos alegraram e nove que pouco ou nada fizeram para nos motivar a escrever algumas linhas elogiosas. 

COMEÇAMOS PELAS SURPRESAS

Markovic (Benfica)
Está destinado aos grandes momentos. Contratado ao Partizan Belgrado e considerado um dos grandes talentos sérvios do futuro, o médio de 19 anos foi primeira escolha de Jorge Jesus em sete partidas e deu nas vistas logo à 3ª jornada, quando apontoU o golo do empate em Alvalade. Saiu da equipa por lesão e perdeu algum espaço, mas regressou em grande estilo, assistindo Rodrigo para o golo na vitória sobre o FC Porto que deu a liderança do campeonato ao Benfica.

William Carvalho (Sporting)
É a grande figura do campeonato. Formado nas escolas do Sporting, passou duas épocas fora de Alvalade para ganhar consistência e regressou para ser o esteio do meio-campo da formação orientada por Leonardo Jardim. Aos 21 anos Wiliam está a viver uma época de sonho, o que até já lhe deu direito a estrear-se pela Seleção Nacional e certamente estará no Mundial do Brasil. Na Liga foi um dos que esteve em todos os jogos (foi substituído apenas uma vez) e ainda marcou dois golos, um deles ao FC Porto.

Fredy Montero (Sporting)
Uma das melhores contratações do Sporting nos últimos anos. O colombiano veio resolver os problemas no ataque e saltou imediatamente para o topo da lista dos melhores marcadores, fazendo sombra ao compatriota Jackson Martinez. A estreia na Liga não podia ter sido melhor, com um hat-trick ao Arouca, e ao final de sete jornadas já levava nove golos, um deles no dérbi com o Benfica. Não conseguiu manter o ritmo frenético, mas é o grande destaque no ataque leonino, somando 13 golos no final da primeira volta.

Maazou (V. Guimarães)
Rui Vitória continua a fazer bom trabalho na cidade berço e para tal conta com alguns jogadores particularmente inspirados, como é o caso do avançado natural do Niger. Aos 25 anos, Maazou tenta nova experiência europeia, depois de passagens pelo Lokeren, CSKA Moscovo e Mónaco, entre outros. Começou muito bem, apontando dois golos sobre o Olhanense, e desde então vive uma seca de golos, mas farta-se de trabalhar para a equipa e é um dos elelmentos importantes no Guimarães

Tomané (V. Guimarães)
Começou a época na equipa B, mas Rui Vitória deu-lhe o prémio de integrar o plantel principal. Aos 21 anos, Tomané não desaproveitou a oportunidade e marcou logo na estreia, à 8ª jornada, no triunfo em Paços de Ferreira. Viria a marcar mais um golo, colaborando para o triunfo em Arouca. Estabilizou como titular e será interessante ver como vai reagir à segunda volta.

Rafa Silva (Sp. Braga)
É um pérola formada no Alverca e que passou pelo Feirense até agarrar o desafio em Braga. Com apenas 20 anos, Rafa é atualmente um dos jogadores mais entusiasmantes da Liga. Rápido, criativo, ágil e inteligente, ocupa espaços atrás dos avançados. Leva seis golos na temporada, mas apenas um no campeonato, mas mais do que finalizador, trata-se de um municiador. Titular desde a 8ª jornada, é um dos principais responsáveis pela recuperação da equipa de Jesualdo Ferreira.

Pardo (Sp. Braga)
Outra boa surpresa nos arsenalistas. Contratado ao Independiente de Medellín é mais um colombiano a trazer golos ao futebol português. Teve mais dificuldades em impor-se do que outros compatriotas, mas já é o melhor marcador da equipa, com quatro golos (juntamente com Alan).

Derley (Marítimo)
O Marítimo continua a explorar o filão brasileiro e desta vez parece ter voltado a acertar. O ponta-de-lança ex-Madureira forma uma dupla terrível com Héldon e na época de estreia já marcou oito golos, sendo o mais importante de todos logo à primeira jornada, quando ajudou equipa a vencer o Benfica. Aos 26 anos é um jogador a observar com atenção durante a segunda volta.

Ramon Cardozo (V. Setúbal)
O outro Cardozo paraguaio afirmou bem cedo o seu potencial como que dizendo que não queria ficar na sombra do compatriota benfiquista. Emprestado pelo Nacional de Asunción, o avançado de 27 anos leva cinco golos na Liga, dois deles apontados na vitória sobre o Guimarães. Tem decidido jogos e vai ajudando o Setúbal na dificil luta pela permanência.

Matt Jones (Belenenses)
O inglês está há vários anos em Portugal, mas só agora teve oportunidade de mostrar o seu valor na Liga. O guarda-redes de 27 anos surpreendeu pela consistência numa equipa com notórias fragilidades. Falhou apenas um jogo depois de ter sido expulso com o Nacional, mas tem sido observado com atenção por muitos clubes e até pelo selecionador do seu país.

AGORA AS DESILUSÕES

Bruno Cortez
Já não vamos poder vê-lo na segunda volta, uma vez que foi devolvido ao São Paulo, mas o lateral-esquerdo não deixa de ser uma das figuras pela negativa da primeira parte do campeonato. Foi um tremendo erro de casting do Benfica, denotando enormes fragilidades e uma insegurança aflitiva. Titular nas três primeiras jornadas, ficou queimado após a péssima exibição em Alvalade, tendo feito apenas mais dois jogos a titular. A sua despedida aconteceu ao intervalo do jogo com o Arouca.

Fejsa (Benfica)
Muito forte e com experiência de ambientes quentes e conquistas, após três épocas passadas no Olympiakos, o sérvio chegou ao Benfica para ajudar Jesus a construir um novo meio-campo. Chegou a empurrar Matic para outros terrenos, mas não foi opção determinante e acabou por ter exibições intermitentes. Ainda não convenceu.

Sulejmani (Benfica)
O ex-Ajax chegou à Luz para ingressar o contingente sérvio, mas só conseguiu ser titular uma vez. Marcou um golo e passou mais tempo no estaleiro do que em campo.

Funes Mori (Benfica)
É um daqueles jogadores que tem mais nome do que trabalho feito. Conhecido dos resumos do campeonato argentino que por vezes passam na televisão, o avançado ex-River Plate foi anunciado como um reforço importante, mas foi rapidamente enviado para a equipa B, aparentemente para aprender a jogar. Só fez um jogo no campeonato.

Reyes (FC Porto)
Durante meses não se falou de outra coisa. Era o central do futuro, mais um investimento em cheio, mas o jovem defesa proveniente do América do México não conseguiu convencer Paulo Fonseca, completamente tapado que está por Otamendi, Mangala e até Maicon. Tem passado o tempo na equipa B.

Herrera (FC Porto)
Contratado para colmatar a saída de João Moutinho, o internacional mexicano é um mal-amado no Dragão. Fonseca até lhe deu muitas oportunidades, mas o médio de 23 anos teima em não convencer, perdendo espaço para Carlos Eduardo, que agora surge como indiscutível ao lado de Fernando e Lucho.

Quintero (FC Porto)
É um daqueles talentos que não engana, mas com muito ainda para aprender até conseguir ser opção credível no Dragão. Os adeptos gostam dele e entusiasmaram-se com o seu talento na Supertaça e no primeiro golo que marcou logo na jornada inaugural, em Setúbal. Talentoso, criativo no meio-campo, tem uma apetência especial para a marcação de livres e foi assim que marcou ao Arouca, momentos depois de entrar em campo. Já pediu para sair, mas os dragões não querem deixar fugir uma das suas pérolas mais preciosas.

Salvador Agra (Sp. Braga)
Não é a primeira vez que joga na Liga, mas no regresso a Portugal, depois de passagens pelo Bétis e pelo Siena, chegou a Braga com grandes expetativas. O extremo de 22 anos não convenceu Jesualdo Ferreira e foi um dos sacrificados pelo treinador quando foi necessário dar um pontapé na crise. Com ligação contratual ao Bétis, foi agora emprestado à Académica, onde vai reencontrar Sérgio Conceição, que foi seu treinador no Olhanense.

Gladstony (Estoril)
Os canarinhos acertam muitas vezes nas contratações que fazem, nomeadamente a partir do Brasil, onde a empresa gestora do clube, a Traffic, tem um vasto campo de recrutamento, mas também há lugar para o erro. O médio ex-São Paulo, que até já tinha passado pelo Manchester United, era apontado como um dos jogadores a ver com atenção esta época, mas surgiu apático, sem capacidade de luta e Marco Silva teve muitas dificuldades em dar-lhe oportunidades. Acabou por nunca jogar no campeonato e voltou para o Brasil, onde passou a representar a equipa de sub-23 do Internacional de Porto Alegre.