Júlio César marca golos, muitos golos, mas não é ponta-de-lança. Aos 28, o brasileiro do Santa Clara está na corrida pelo título de melhor marcador da Liga Vitalis, na segunda incursão pelo futebol português. «Quis provar o meu valor, depois de ter jogado pouco no Paços de Ferreira», começa por dizer, ao Maisfutebol.
Depois de 11 remates certeiros no segundo escalão, Júlio César já começa a pensar no salto. Termina contrato no final da temporada e prepara-se para deixar os Açores, em alta. Chegara a Portugal em 2001, para representar o Paços de Ferreira, mas a falta de experiência comprometeu o sonho. Fiz catorze jogos em três épocas, com José Mota, passando ainda pela Sanjoanense antes de regressar ao Brasil.
«A passagem pelo P. Ferreira foi muito boa, não guardo qualquer tipo de rancor. Era muito jovem, agora amadureci como jogador e senti necessidade de demonstrar o meu real valor em Portugal», explica. Estava no Treze de Campina Grande quando recebeu uma proposta do Operário, clube dos Açores que disputava a II Divisão: «Tive algum receio de ir jogar para a II Divisão, mas precisava de esta nova oportunidade. Correu bem, marquei 15 golos em 30 jogos e fui para o Santa Clara.»
«Por mim, até pode marcar o João Botelho»
Na época passada, festejou por cinco vezes, mas já dobrou a marca este ano. «Atenção que eu não sou avançado de área. Aliás, quando cheguei ao P. Ferreira, o José Mota insistia em colocar-me como número 10. Depois, tanto no Operário como no Santa Clara, sempre joguei solto, em sistemas com dois ou três avançados, para aproveitar a minha velocidade e mobilidade», lembra.
Júlio César trocava o título de melhor marcador da Liga Vitalis pela permanência do Santa Clara. «Trocaria logo, se me propusessem. Devo sair do Santa Clara agora no final da época, mas queria sair com o clube bem. Por mim, o importante é que ver a equipa a ganhar, até pode ser o João Botelho, o guarda-redes, a marcar», atira, entre sorrisos.
O avançado brasileiro esteve perto da saída em Janeiro. O Santa Clara não pagava e Júlio César ponderou a rescisão. O Pandurii da Roménia e o Inter de Baku, do Azerbaijão, também apresentaram propostas, mas o clube recusou: «O Santa Clara achou que eram baixas e eu acabei por ficar. Mas termino contrato e vou agora analisar o meu futuro, para decidir se fico num clube da primeira divisão de Portugal ou sigo para o exterior. Estou muito grato ao clube, adorei a ilha e quem sabe se não volto no futuro?»