A FIGURA: Rafa

Vertigem constante pela esquerda. O lateral voltou a ser uma seta apontada à área do rival, com várias investidas pelo corredor, em combinações com Ruben Ribeiro, Gil Dias e quem quer que mais lá aparecesse. Um vaivém constante pela ala, com especial enfoque no ataque, mas sem descurar na defesa, onde nunca teve vida fácil pelos imensos duelos travados com Iuri Medeiros e Renato Santos. Numa das constantes descidas à área contrária, obrigou Vagner a defesa apertada, para canto. E dele nasceu a vitória.

O MOMENTO: Traoré descobre o caminho

Minuto 76. Entrado dois minutos antes, Adama Traoré era, ainda, um corpo à procura do melhor entrosamento com uma equipa que só conhece desde janeiro e que só tinha representado em outros dois jogos, sempre a partir do banco, também devido a lesão. Mas nada isso é importante, quando se trata de uma ação tão simples como surgir no sítio certo para desviar de cabeça. Foi o que fez, descobrindo, finalmente, o caminho para desbloquear um jogo atado até então.

OUTROS DESTAQUES

Krovinovic

Parece ter agarrado de vez o lugar no onze e a verdade é que tem muita qualidade. No Bessa voltou a mostrá-lo, sendo o responsável por pautar o futebol vila-condense de início a fim. Podia ter ido ele mesmo para a área num contra-ataque perigoso em que optou por assistir Guedes.

Petrovic

Joga a passo, mas nem lhe correu mal esta tarde no Bessa. Usa o corpo para controlar o espaço e o oponente, abusa dos processos simples e, assim, disfarça os naturais problemas de locomoção. Não é homem de ter a bola muito tempo no pé, o que permite que o jogo da equipa siga acelerado.

Ruben Ribeiro

Vida difícil no Bessa. Assobiado desde o primeiro momento em qualquer toque na bola, o antigo jogador axadrezado demorou muito a entrar, verdadeiramente, no jogo. A pressão intensa de que foi alvo também não lhe deu tempo para fazer o que mais gosta: pensar o jogo. Ofuscado nesse papel por Krovinovic e sem capacidade para rasgar na ala, não teve a mais feliz das tardes.

Iuri Medeiros

Despertou para o jogo mais tarde do que Renato Santos, no flanco oposto, mas fê-lo com a qualidade que já lhe é habitual. A forma como entrou na área ao minuto 23, assistindo Renato ao segundo poste (valeu Lionn a cortar) é um paradigma perfeito do futebol de Iuri, onde a qualidade técnica sobressai. Depois do golo de Traoré dispôs das duas melhores ocasiões do Boavista, em duas iniciativas individuais concluídas com remates que erraram por pouco o alvo.

Renato Santos

Início a todo o gás, mas um afrouxar evidente à medida que o relógio foi avançando. Começou por ser o principal desequilibrador do Boavista, o que também se explica por ter sido, desde logo, muito procurado pelos colegas. Mas não só. A qualidade técnica é inegável e a entrega que coloca em campo, também. Faltou-lhe, assim, a constância, o que levou Miguel Leal a abdicar dele na hora do assalto final à baliza e quando já era apenas uma sombra do homem que iniciou o jogo.