Como era de prever, o Tondela entrou forte em campo, com a moral em alta depois do triunfo na Madeira, e frente à outra equipa insular, os beirões quiseram repetir a receita, tomando conta da partida nos primeiros minutos.

Só aos 10’ o Santa Clara teve a primeira chegada com perigo à baliza de Cláudio Ramos que, até aí, não passara de um mero espetador. Esse lance coincidiu com o despontar dos açorianos para o jogo, que a partir de então se tornou bastante mais aberto e com oportunidades repartidas.

Aos 25 minutos, Murillo sofre uma entrada clara dentro da grande área e o árbitro Manuel Mota não teve dúvidas em assinalar pontapé de penalti. Na conversão, Richard não foi capaz de enganar Marco e permitiu a defesa do guardião do Santa Clara, mantendo o nulo no marcador.

Os adeptos da casa ainda se recompunham do falhanço e assistiram a um dos momentos mais arrepiantes deste campeonato, logo no lance seguinte. Moufi teve uma entrada, no mínimo, desnecessária (arrepiante adequa-se melhor) sobre Mamadu Candé e viu o vermelho direto (26´). Uns laivos de kung-fu no João Cardoso, que deixou estupefactos até aos adeptos caseiros.

Em vantagem numérica, o Santa Clara aproveitou para chegar com mais perigo à frente, optando naturalmente por jogadas conduzidas pelo seu flanco esquerdo, onde o pouco rotinado Murillo não conseguiu suprir a lacuna deixada por Moufi e concedeu demasiado espaço.

Por essa altura valeu aos beirões um par de boas defesas de Cláudio Ramos, que fez história neste jogo (ver destaques). O guardião foi mesmo a figura em destaque nos instantes finais da primeira parte, ao negar o mais que previsível abrir do marcador. Do outro lado, o Tondela também respondeu por Denilson, mas o avançado, na cara de Marco, atirou a poucos centímetros do poste.

No recomeço do encontro, o mesmo Denilson voltou a levar os adeptos ao desespero, quando, de novo isolado na cara de Marco, não foi capaz de encontrar o caminho para o golo.

Apesar de o desperdício não ser um bom apanágio no futebol, a verdade é que o Tondela voltou a entrar forte e dominador na segunda parte e Richard quase remendou o falhanço do penalti com uma bomba (51´).

Os beirões enchiam a barriga com boas oportunidades, mas iam sempre com demasiada sede ao pote. Enquanto isso, o Santa Clara aproveitava para levar perigo através de cruzamentos, quase sempre sem qualquer jogador para desviar.

O segundo tempo foi morno, algo apagado lá pelo meio. Foi preciso esperar pelos 70 minutos para começar a ver alguma ação no filme do jogo. Os açorianos desperdiçaram talvez a sua melhor oportunidade da partida aos 73’, com Candé a não conseguir desviar de cabeça um cruzamento milimétrico de Ukra.

Cinco minutos volvidos e o Tondela conseguiu de novo uma oportunidade de ouro para inaugurar o marcador. Denilson (quem mais) assumiu a marcação mas fez o mesmo que o colega do ataque e permitiu a defesa de Marco. Na Madeira tinha conseguido marcar da mesma forma, desta feita em casa não teve o mesmo sucesso.

Na reta final, o Santa Clara assumiu as rédeas do encontro e conseguiu mesmo criar uma oportunidade de golo já perto do final, mas Cláudio Ramos encerrou uma tarde que já era histórica com uma enorme intervenção, mantendo o nulo final no marcador.

Empate sem golos em Tondela, provavelmente o resultado mais improvável tendo em conta tudo o que aconteceu em campo. Expulsões precoces, penáltis falhados e oportunidades repartidas. Um amargo de boca para ambas as equipas certamente, mas que se justificou e penalizou a falta de acerto.

O Tondela ainda não conseguiu vencer em casa esta época, prolongado esta espécie de maldição beirã. Já o Santa Clara mostrou muito pouco, demasiado pouco para levar de Tondela algo melhor na bagagem.